| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 347 - 11 a 17 de dezembro de 2006
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Projeto tem apoio financeiro do Hospital Albert Einstein
e visa coletar 12 mil amostras em cinco anos

Unicamp inaugura 1º banco
de sangue de cordão
umbilical do interior de SP

Especialista mostra uma das bolsas coletadas no Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (Fotos: Antoninho Perri)O Hemocentro da Unicamp inaugurou no dia 7 o primeiro Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (Bscup) do interior de São Paulo, como parte do RedeCorp. O projeto da Universidade, que teve apoio financeiro do Hospital Israelita Albert Einstein no valor de R$ 50 milhões e que envolve parceria com este hospital e com a USP, entra em operação com a proposta de atingir “velocidade cruzeiro”, 12 mil amostras em cinco anos de trabalho. “Podemos até ultrapassar 20 mil. O doador brasileiro é sobretudo altruísta. Cerca de 1.700 pessoas têm indicação de transplantes de medula ao ano”, afirma o superintendente do Albert Einstein, Carlos Alberto Moreira-Filho.

Média anual é de 1.700 indicações de transplantes de medula

O banco de sangue internacional conta com mais de 180 mil cordões no momento. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é o órgão que os centraliza as informações. “Temos uma lista de doadores potenciais e, na prática, são cinco milhões de doadores cadastrados. A espera média para transplante de medula é de seis meses; de cordão, cerca de 20 dias. A população brasileira é bastante variada geneticamente. Se fôssemos todos caucasianos, quatro mil cordões cobririam as necessidades de nossa população”, estima Moreira-Filho.

Durante inauguração, uma placa foi descerrada no segundo andar do Hospital das Clínicas da Unicamp pelos médicos Joyce Annichino Bizzacchi, responsável pelo Hemocentro; Djalma de Carvalho, coordenador de administração do HC; Moreira-Filho, do Albert Einstein; Ângela Luzo, diretora do Serviço de Transfusão do Hemocentro; e Sara Saad, coordenadora associada do Hemocentro. O pró-reitor de Desenvolvimento Universitário, Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, realçou a importância do projeto, salientando que mais uma vez o Hemocentro e a Faculdade de Ciências Médicas lideram um trabalho de porte.
O RedeCorp pode captar, selecionar e armazenar cerca de 600 unidades ao ano nos hemocentros da Unicamp, Albert Einstein e USP-Ribeirão Preto. No Japão, 50% dos transplantes de medula já são feitos com as células extraídas do sangue do cordão umbilical. Segundo a hemotologista Joyce Annichino, o banco de sangue de cordão umbilical tem reconhecida importância assistencial e abre novas portas para pesquisas e projetos futuros, com estudos pré-clínicos já sendo efetuados.

Moreira-Filho, do Albert Einstein e, ao fundo, o BioArchive, equipamento que armazena até 3 mil bolsas com células-troncoO Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário na Unicamp segue a proposta de atender a uma parcela cada vez maior da população. Os investimentos do Albert Einstein foram de R$ 1,4 milhão para os novos laboratórios de manipulação e cultura celular, e de criogenia, todos localizados no HC. Uma das aquisições é o “BioArchive”, equipamento que poderá armazenar até 3 mil bolsas com células-tronco e que possui um sistema automatizado de congelamento, armazenamento e localização das bolsas.

No âmbito da Unicamp, as coletas de sangue de cordão umbilical serão realizadas em hospitais-maternidades, a princípio no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) e no Hospital Estadual Sumaré (HES). Ângela Luzo fez um agradecimento especial aos obstetras do Caism, que pessoalmente coletaram as bolsas. “Estas bolsas custam R$ 4 mil só pela coleta que é feita intra-útero”.

A diretora do Hemocentro lembra que o ano de 1996 foi marcado por muitos questionamentos éticos sobre o projeto, mas mediante consulta ao Cremesp ele foi aprovado. O Ministério da Saúde acaba de viabilizar um projeto junto ao BNDES que permitirá reunir capital para adequação das unidades do BrasilCord e lançou uma portaria para o custeio e armazenamento da rede. Em 2004, o Bscup do Inca e a plataforma paulista foram os primeiros integrantes da rede pública nacional – BrasilCord, sendo que o Inca e o Albert Eisntein já estavam em funcionamento.

Histórico - A hematologista Sara Saad teceu uma rápida cronologia do projeto de instalação do banco. Informou que o primeiro transplante foi realizado em Paris em 1989, com célula umbilical, sendo instalado, a seguir, o primeiro banco – New York Cord Blood. Em 1995, a médica do Hemocentro Ângela Luzo foi enviada ao Hospital Saint Louis para um treinamento e, em 1996, realizou um plano piloto já com 100 bolsas de sangue coletadas. Em 1997, o Reforsus constituiu-se um subproduto para a implantação de um banco na Unicamp, quando foram comprados dois containers de criopreservação, com capacidade de oito mil amostras. Em 2003 foi criada a plataforma paulista, SP-Cord, e em 2004 o projeto RedeCord.

A partir do projeto multiusuário da Fapesp foi incluída uma rede a vácuo de distribuição de nitrogênio líquido, com apoio da Universidade e adequada às normas da Anvisa. “Não tínhamos como manter este banco, exceto pela contrapartida que veio do Ministério da Saúde e do Albert Einstein, dando continuidade à iniciativa. Agora será possível efetuar trocas de amostras com os Estados Unidos e a Europa. O Einstein custeará por cinco anos as bolsas armazenadas. A Unicamp já tem uma área física de 125 metros quadrados destinada ao projeto, além dos laboratórios necessários”, revela Sara.

Medula - O sangue do cordão umbilical é utilizado para o transplante de medula. Trata-se de células mais jovens e indiferenciadas. Além das doenças onco-hematológicas (leucemias, linfomas, anemia e doenças hereditárias do sangue), estas células são usadas no tratamento das doenças auto-imunes. Em vez de 100% de compatibilidade obrigatória entre doador e receptor no caso dos transplantes de células da medula óssea, o transplante com células do sangue de cordão umbilical exige apenas 70% de compatibilidade.

As células-tronco surgem no ser humano na fase embrionária. Após o nascimento, alguns órgãos ainda mantêm dentro de si uma pequena porção de células-tronco, que são responsáveis pela renovação constante desse órgão específico. Essas células conseguem se reproduzir, duplicando-se e gerando duas células com iguais características; e conseguem diferenciar-se, ou seja, transformar-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos. Um exemplo é a célula-tronco hematopoética, que no adulto se localiza na medula óssea vermelha. Na medula óssea, ela é responsável pela geração de todo o sangue. Essa célula é efetivamente substituída quando realizado um transplante de medula óssea.


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