Uma alternativa ao exame de endoscopia digestiva para diagnóstico da bactéria Helicobacter pylori causadora de úlcera no estômago e no duodeno está em estudo no Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro) da Unicamp. Trata-se de identificar o antígeno da bactéria nas fezes. O professor José Murilo Robilotta Zeitune explica que, mesmo constituindo um exame relativamente simples, a endoscopia é considerada invasiva, pois exige procedimento anestésico e a retirada de amostras de tecidos para análises. O método em avaliação no Gastrocentro, denominado Premier Platinum (HPSA), foi desenvolvido nos Estados Unidos e, além de não ser invasivo, pede ao paciente apenas a coleta que já é culturalmente rotineira para a população.
Segundo Zeitune, as pesquisas no Gastrocentro visam demonstrar a eficácia do HPSA. Para a análise nas fezes é necessária a importação de determinados produtos, mas espera-se que o custo seja barateado com o uso. “Na medida em que o método for popularizado, a idéia é adquirir os kits por preços mais acessíveis. A técnica é nova no Brasil e existe um caminho a percorrer”, explica o professor. Por enquanto, o aluno Renato Massao Suzaki, do quinto ano da Medicina e orientando de Zeitune, conta com bolsa de iniciação científica do CNPq para avaliar o HPSA no controle da erradicação da bactéria em adultos.
A Helicobacter pylori é a principal bactéria causadora da úlcera no estômago e no duodeno. No Brasil, além da endoscopia, o teste respiratório e o sorológico são outras formas de constatar a sua presença no organismo. O teste respiratório é complexo, enquanto o sorológico não constitui um diagnóstico da infecção ativa. O HPSA, por sua vez, já demonstrou alta acurácia no diagnóstico antes do tratamento da úlcera. A pesquisa de Renato Suzaki refere-se ao diagnóstico pós-tratamento, o que facilitaria a condução dos procedimentos por não necessitar da endoscopia para avaliar a evolução da doença. O bolsista acompanhou 25 pacientes submetidos à terapêutica no Hospital das Clínicas da Unicamp e, após pesquisar o antígeno comparado com outros métodos diagnósticos, demonstrou a alta especificidade para o HPSA. O trabalho contou com o apoio financeiro da Pró-Reitoria de Pesquisa, através do Fundo de Apoio ao Ensino e Pesquisa (Faep).