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O uso de energia solar
volta a ser discutido

 

4/12/2009 – Passadas mais de três décadas depois da primeira crise do petróleo, que levou governo e iniciativa privada a fomentarem projetos científicos para viabilizar o uso da energia solar, pesquisadores da Unicamp voltam a colaborar em novo esforço para que o país alcance este objetivo. Agora, existe uma motivação adicional além da econômica, a ambiental, diante da conscientização de que somente a utilização de múltiplas fontes de energia poderá equacionar a dependência de fontes não-renováveis.

É nesse sentido que o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp está promovendo o workshop “Nipe Solar: A energia solar térmica de baixa temperatura [até 250°C] no Brasil – tecnologias, ações e estratégias de disseminação de uso”. O evento foi aberto no dia 3 no auditório da Biblioteca Central “Cesar Lattes”. “O Nipe tem promovido várias ações em fontes renováveis e, do nosso ponto de vista, a energia solar é uma das mais promissoras. Obviamente, existem obstáculos a serem vencidos e, por isso, a Universidade deve chamar para si a responsabilidade por essas discussões”, afirma o professor Luiz Antonio Rossi, coordenador do Nipe.

A coordenação do worshop é de José Tomaz Vieira Pereira, professor aposentado pela Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), que se credenciou como pesquisador do Nipe e que participou do esforço dos anos 1970 e 80. “Naquela época, pensou-se que a energia solar poderia ser a panaceia para resolver todos os problemas energéticos do Brasil. Depois de algum tempo, a conclusão foi de que essa fonte supriria, no máximo, 10% da nossa necessidade energética – é um índice nada desprezível, mas que serviu como ducha de água fria nos pesquisadores e financiadores do projeto”. 

Problemas conjunturais como a estabilização dos preços do petróleo, o uso intensivo do gás natural e a retirada de subsídios para as pesquisas e a fabricação de dispositivos de aproveitamento da energia solar levaram ao desmanche de muitos grupos de cientistas. O Programa Nacional de Energia Solar (Pro-Solar), elaborado a pedido do governo por representantes dos setores público e privado, entidades de classe e centros de pesquisas e universidades, nunca foi implantado.

Na Unicamp, segundo Tomaz Pereira, sobreviveu apenas o grupo de pesquisas fotovoltaicas do professor Ivan Chambouleyron, no Instituto de Física. “Perdeu-se todo o investimento e a informação de especialistas de alto nível. Faltou ao país um planejamento de longo prazo, sistemático, com o desenvolvimento de pesquisas para construir a nossa própria tecnologia. Obviamente, hoje estamos bastante atrasados em relação a outros países, que não são necessariamente mais importantes e poderosos do que o Brasil”.

O coordenador do Nipe Solar acrescenta que esse encontro de especialistas deve gerar um relatório sintetizando os temas debatidos e as propostas apresentadas para nortear a ampliação do uso da energia solar em aquecimento de água nas condições brasileiras. O relatório será disponibilizado no portal do núcleo, a fim de divulgar o estágio atual de desenvolvimento tecnológico e servir como fonte de novas reflexões. “Queremos ouvir todos os atores para sairmos daqui com uma visão mais clara dos rumos a tomar”. 
(Luiz Sugimoto)

 
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