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Tese avalia dedicação
de universitários aos estudos

Pesquisa desenvolvida para a tese de doutorado de Eliel Unglaub, defendida junto à Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, traz informações até então desconhecidas sobre a dedicação dos universitários aos estudos. Valendo-se de variáveis demográficas como sexo, estado civil, idade, trabalho, turno e renda familiar, ele apurou as múltiplas dimensões da diligência escolar entre alunos de graduação de quatro cursos da própria Universidade. O estudo constatou, por exemplo, que as mulheres são mais aplicadas do que os homens. O mesmo ocorre com os alunos casados em relação aos solteiros, com os mais velhos em comparação aos mais novos e com os de tempo parcial quando confrontados com os de tempo integral. De acordo com Unglaub, o nível de diligência não implica necessariamente em melhores notas, embora ajude nesse aspecto.

O educador, que atualmente leciona no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), em Engenheiro Coelho, cidade próxima a Campinas, tomou para estudo um universo composto por 202 alunos dos cursos de Engenharia de Alimentos, Química, Pedagogia e Ciências Econômicas. Eles responderam a um questionário com 55 perguntas, formulado com base em um documento similar utilizado pelo Instituto de Diligência de Michigan, nos Estados Unidos. As questões abordaram, além dos assuntos estritamente acadêmicos, aspectos como preferência religiosa, atividades físicas e hábitos alimentares.

O procedimento gerou cerca de 200 páginas de informações, que foram cruzadas e sistematizadas por um software norte-americano. “A pesquisa qualitativa me deu uma luz sobre as múltiplas dimensões da diligência escolar. Mas foi o estudo qualitativo, constituído por entrevistas com os próprios estudantes, professores e coordenadores de cursos, que permitiu uma análise mais precisa do nível de dedicação desses alunos”, explicou Unglaub. Além dos exemplos citados anteriormente, o educador apurou, ainda, que os jovens que cursam o primeiro ano são mais diligentes do que os que estão no segundo e terceiro anos.

Também ficou constatado que os universitários que trabalham entregam-se mais aos estudos do que os que não exercem atividade profissional, o mesmo acontecendo com os de menor poder aquisitivo quando comprados aos que vêm de famílias abastadas. “Acredito que as mulheres são mais dedicadas do que os homens por conta da sua própria natureza. Desde a infância, elas normalmente demonstram mais esmero pelos trabalhos escolares. Já os alunos mais velhos, os que trabalham e os que são de origem mais humilde são mais aplicados porque consideram o fato de estudar numa escola como a Unicamp uma chance única, que não pode ser desperdiçada”, avalia Unglaub.

De acordo com o autor da tese, esse tipo de pesquisa é muito comum nos países desenvolvidos, especialmente nos EUA, mas ainda é pouco conhecida no Brasil. No exterior, é utilizada como ferramenta para planejar as atividades acadêmicas. “Ela permite, por exemplo, definir ações para melhorar a ocupação dos espaços físicos, conferir maior sincronia entre cursos e até estabelecer programas culturais e de lazer que sejam do interesse da comunidade estudantil”, diz. A tese elaborada por Unglaub foi orientada pelo professor José Camilo dos Santos Filho, que se aposentou recentemente.

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