Nied testa três modelos de laptop de baixo custo
O Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp apresentou no dia 9 de março três modelos de notebooks de baixo custo, conhecidos popularmente como ‘laptops de 100 dólares’, que estão sendo avaliados pelo Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação (MEC) para adoção nas escolas da rede pública de ensino. O professor José Armando Valente, pesquisador do Nied e membro do comitê, explicou que o MEC distribuiu as máquinas para que cada membro pudesse levar para seu grupo de pesquisa, objetivando uma avaliação profunda e, conseqüentemente, a geração de propostas tanto pedagógicas quanto de desenvolvimento de hardware e software. “As pessoas querem a nova tecnologia e acham que é importante. Se você quiser reunir uma sala de aula ao ar livre, será possível porque o equipamento será móvel. O projeto tem três concepções principais: mobilidade, conectividade e massificação”, avaliou Valente.
Para ser um equipamento acessível do ponto de vista econômico, Valente esclarece que algumas alterações foram necessárias. “Eliminaram as partes móveis, começando com o hard disk. O armazenamento das informações é feito na memória. Uma nova engenharia tornou a tela visível mesmo sob a luz solar. O uso de energia também foi contemplado. Os equipamentos gastam pouca energia, facilitando sua mobilidade e conectividade”, comentou o pesquisador do Nied.
Do ponto de vista social, Valente diz que para o governo brasileiro foi adicionado um componente no projeto que não está previsto nos outros países. Além de ser um projeto educacional, trata-se de um projeto de inclusão social. A pergunta que surge, de acordo com Valente, é de que maneira as pessoas farão uso desses equipamentos. “O governo precisa tomar a decisão de compra de 1 milhão de computadores até o final do ano e como se trata de uma coisa massiva, apavora os profissionais da educação. Professores terão que ser formados, ao mesmo tempo que as crianças estão usando a máquina. É um projeto de curto prazo, é uma revolução”, ressaltou.
Já existem dois projetos em funcionamento com poucas máquinas, voltado para o teste de infra-estrutura. O primeiro, em uma escola municipal na cidade de São Paulo (SP) e o segundo, em uma escola estadual na cidade de Porto Alegre (RS). O objetivo é verificar o que acontece quando a máquina chega na escola. “É preciso observar problemas como a falta de rede elétrica para carregar a bateria dos computadores e a conectividade com um computador central para acesso à internet. Tem uma série de problemas de infra-estrutura que estão sendo testados com essas escolas”, alertou.
Com a chegada de mais máquinas, começa um outro experimento na cidade de Piraí (RJ), numa escola pequena, com 350 alunos. Ela foi escolhida porque a prefeitura da cidade implantou um projeto denominado “cidade digital”. Dessa maneira, elimina-se o problema da conectividade, pois a cidade conta com a tecnologia wireless (sem fio). “A cidade, de pequeno porte, é privilegiada do ponto de vista social, tem uma participação ativa da sociedade e um pequeno índice de violência. Foi escolhida pelo MEC e cada criança da escola levará o computador para casa”, disse Valente.
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