De forma simplificada, a eletromiografia pode ser explicada como uma metodologia capaz de analisar a atividade muscular. O procedimento é feito por meio de um equipamento que permite a interpretação dos impulsos elétricos emitidos pelo músculo, o eletromiógrafo. Para fazer o registro do potencial de ação da unidade motora, o método é empregado no diagnóstico de patologias neuromusculares, traumatismos e como instrumento cinesiológico, objetivando descrever o papel dos músculos em atividades específicas. No caso da FOP, a eletromiografia tem sido objeto de estudo na pós-graduação de profissionais das mais diversas áreas, tais como médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, fonoaudiólogos e educadores físicos. “Até dentistas nós temos aqui”, brinca o professor Fausto.
De acordo com ele, problemas musculares são comumente confundidos com outras patologias. Algumas dores de cabeça, por exemplo, podem ter origem numa disfunção do trapézio, mais conhecido como músculo dos ombros e pescoço. “Infelizmente, nem sempre essa associação é feita de forma imediata. Muitas vezes, o médico esforça-se por combater a doença tratando da cabeça, quando na realidade teria que cuidar do músculo”, afirma o docente da FOP. Da mesma forma, determinados casos de postura incorreta e de lesões nas articulações também podem estar relacionados a alterações musculares. “Normalmente, esses problemas ocasionam fortes dores aos pacientes”, acrescenta o professor Fausto.
Justamente por conta da complexidade que envolve o funcionamento dos músculos é que profissionais de diversas formações têm se dedicado ao estudo da eletromiografia, conforme esclarece o docente da FOP. Eles estão interessados não só em diagnosticar e tratar com precisão eventuais patologias relacionadas com as disfunções musculares, mas também em orientar as pessoas acerca da prevenção dessas doenças, numa abordagem interdisciplinar. Um exercício físico realizado de forma correta, por exemplo, pode trazer ganhos importantes para a saúde. “Além disso, muita gente me pergunta por que os fonoaudiólogos estão interessados no emprego da eletromiografia. Ora, alguns problemas de motricidade oral como a fala, deglutição e respiração podem estar associados a alterações da língua e da musculatura labial. Se isso for devidamente diagnosticado, a terapêutica torna-se muito mais eficaz, prevenindo inclusive o eventual ressurgimento da enfermidade”.
Segundo o professor Fausto, durante mais de 20 anos o Laboratório de Eletromiografia da FOP realizou suas pesquisas com equipamentos importados. Há cinco anos, porém, adquiriu o primeiro eletromiógrafo fabricado no país a partir de especificações fornecidas por sua equipe. O equipamento foi financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O aparelho tem sido fundamental tanto no ensino de graduação e pós-graduação, quanto no desenvolvimento de novos estudos. Apenas para se ter uma idéia, um agrônomo deve ingressar brevemente na nossa linha de pesquisa. Ele pretende analisar a conformação muscular dos porcos, o que pode servir futuramente para melhorar a produção de suínos. Para a academia, a investigação será muito útil, sobretudo na área da pesquisa básica, pois esses animais têm uma estrutura muscular muito diferente da humana. Em outras palavras, teremos uma ótima oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os músculos”, analisa o especialista.