As revistas digitais on-line poderiam facilitar a comunicação e a interação com os usuários, caso utilizassem os hipertextos e outros recursos disponíveis na Internet. “Percebe-se que as publicações são transpostas para a rede na mesma forma em que são organizadas as revistas em papel, sem considerar as especificidades do ambiente hipermidiático. A Internet é uma mídia completamente diferente dos veículos impressos”, afirma a designer Heloisa Caroline de Souza Pereira Candello, que apresentou pesquisa de mestrado no Instituto de Artes, orientada pelo professor Hermes Renato Hildebrand.
Heloisa estudou três revistas digitais de diferentes áreas: a Artéria 8, que divulga trabalhos de artistas; a Studium 15, sobre fotografia; e a Infodesign, na área de design da informação. A pesquisadora fez análises e propôs alterações para melhorar a qualidade visual dos periódicos, identificando sutilezas que passariam despercebidas apenas com uma leitura geral.
O estudo foi embasado na semiótica ou estudo dos signos proposta por Charles Sanders Peirce. Segundo Heloisa Candello, a Internet possui em seus sites um número indiscriminado de signos, os quais podem ser analisados pelas categorias fenomenológicas universais criadas por Peirce: primeiridade, relacionado com a sensação; secundidade, que diz respeito a ações e reações; e terceiridade, que é a representação e interpretação dos fenômenos por meio da razão. “A intenção foi descobrir os significados escondidos por trás de cada trabalho”, diz a designer.
Heloisa constatou que as três revistas utilizam imagens, mas que são raras as mídias animadas. A Artéria é a única que adota este recurso em conjunto com o som. Na Studium 15, sobre fotografia, a quantidade de textos pode desestimular o usuário a continuar navegando. Este aspecto, na Infodesign, foi solucionado com resumos na tela e, em caso de interesse, com a disponibilidade dos arquivos completos. Outro recurso, o hiperlink, que permite a navegação de forma não-linear, foi usado trivialmente. Na Artéria 8, quando se entra na página de um artista, não há como escolher outro nome sem passar novamente pela página principal. “Isso torna a navegação cansativa e desestimulante”, observa Heloisa Candello..