RAQUEL
DO CARMO SANTOS
A professora generalista, na Educação Infantil, não está
preparada para elaborar um trabalho mais específico com
as crianças, quando o assunto está relacionado ao corpo
como, por exemplo, mediar atividades específicas para o
desenvolvimento da coordenação motora, da lateralidade,
entre outros. A conclusão consta da pesquisa realizada junto
à Faculdade de Educação Física (FEF) por Frederico Jorge
Saad Guirra e orientada pela professora Elaine Prodócimo.
Guirra observou em seu trabalho que muitas pedagogas justificam
a inexistência desse trabalho por conta das condições da
escola ou do espaço físico, da falta de materiais, mas omitem
a falta de conhecimento sobre o trabalho corporal com as
crianças.
“Acredito que sejam desculpas que, na verdade, escondem
o despreparo do profissional para lidar com a questão. Por
isso, pretendemos futuramente no doutorado investigar se
os cursos de Graduação, tanto na Pedagogia como na Educação
Física, abordam o assunto de maneira a preparar o profissional
para lidar com o trabalho corporal na educação infantil”,
opina o professor de Educação Física.
O estudo teve como objeto duas escolas municipais em Barra
do Garças, no Mato Grosso. Guirra entrevistou oito profissionais
responsáveis pela realização do trabalho corporal com crianças
de quatro e cinco anos. “Ao analisar os conhecimentos que
elas dispõem e pensar na diversidade da cultura corporal,
percebi que, de oito professoras, apenas uma conseguiu elaborar
o trabalho de forma adequada”, explica o pesquisador.
A observação, a entrevista e a bibliografia específica
da área foram os instrumentos utilizados para compor os
resultados que apontam para a necessidade de um olhar mais
atento sobre a Educação Infantil. Segundo o professor, os
atuais planos curriculares e documentos oficiais revelam
a importância da educação nessa faixa etária e a classificam
como “a porta de entrada para o mundo”, mas na prática,
questões como trabalhar o corpo, acabam não sendo contempladas
em detrimento de outras atividades.
Em muitas respostas, Guirra observou, ainda, que as próprias
professoras apontam a necessidade de um profissional da
área da Educação Física para assessorar o trabalho nessa
linha. Isso significa que uma parceria entre os profissionais
seria pertinente para contextualizar os momentos de sala
de aula e aqueles dedicados ao trabalho corporal, sem a
separação do que ocorre na sala ou fora dela.