Facilitar o acesso ao conhecimento. Esse é o principal objetivo
do projeto de infraestrutura do Centro de Memória-Unicamp
(CMU) recentemente aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp). Denominado “Preservação,
divulgação e disponibilização do acervo documental do Centro
de Memória por meio ele- trônico”, o projeto foi contemplado
em R$ 217.077,00 para aquisição de equipamentos e contratação
de serviços e mais R$ 32.561,55 de reserva técnica. Trata-se
do maior auxílio destinado por uma agência de fomento à
pesquisa ao CMU durante seus 26 anos de existência. “É um
empreendimento de grande relevância para a pesquisa na área
das humanidades, especialmente no tocante à história da
região de Campinas e do interior paulista”, afirma o historiador
e pesquisador responsável pelo projeto junto à Fapesp, José
Roberto Zan. Para a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério
Galzerani, a apro- vação do projeto é o reconhecimento de
um trabalho desenvolvido pelo Centro de Memória-Unicamp
que há quase três décadas vem consolidando importante papel
como centro de pesquisa na área da história social, sobretudo
de Campinas e região.
Este projeto permitirá ao CMU digitalizar,
armazenar e organizar diferentes acervos históricos visando
a disponibilização através de acesso online. A aquisição
de equipamentos de ponta na área da informática e compatíveis
com as especificidades dos documentos – alguns raros que
podem ser danificados durante o manuseio – pos- sibilitará
a realização desse trabalho, que visa tornar ainda mais
acessíveis os acervos hoje mantidos no órgão.
Dentre os equipamentos a serem adquiridos
está um scanner planetário que será instalado numa sala
dos Arquivos Históricos. Trata-se de um equipamento de ponta
que permite escanear documentos sem agredi-los. Enquanto
nos equipamentos convencionais, a luz ultrapassa as páginas
do documento e, paulatinamente, danifica a matriz, no scanner
planetário a leitura é feita como se o equipamento estivesse
sendo filmado, sem contato com o original. Dessa maneira,
é possível disponibilizar um documento sem abrir mão de
sua preservação. Inicialmente, os trabalhos serão realizados
sobre duas séries documentais muito acessadas no setor:
“Inventários post-mortem/testamentos (1850- 1940)” e “Ações
de liberdade de escravos (1871-1888)”, ambas do Tribunal
de Justiça da Comarca de Campinas.
A escolha dessas séries visa atender ao
anseio dos pesquisadores que buscam constantemente o acesso
ao conteúdo desses documentos para a realização de suas
pesquisas para fins acadêmicos ou pessoais. Esse tipo de
digitalização, além de facilitar o acesso ao documento,
também permite a leitura paleográfica de originais, que,
muitas vezes, têm sua compreensão dificultada pela escrita
de época ou pela fragilidade de seu suporte.
Outra importante aquisição é um equipamento
multifuncional laser (impressora, copiadora, fax e scanner)
que ficará na Biblioteca do CMU. O trabalho inicial será
focalizado na digitalização de artigos de jornais e revistas
que integram o acervo da Hemeroteca, o qual conta, atualmente,
com 67.312 recortes, dos quais cerca de 10% estão digitalizados.
A base digital da Hemeroteca, atualmente com 6.278 recortes,
recebeu até no ano passado 532 mil visitas, aproximadamente,
e cerca de 360 mil dowloads foram realizados. Com o novo
equipamento, que permite escanear até 50 páginas por minuto,
a capacidade será bastante ampliada.
Além desses dois equipamentos, serão adquiridos,
via projeto, computadores, acessórios de informática e aparelhos
de ar condicionado. O projeto tem duração de um ano, sendo
que os relatórios científicos e a prestação de contas deverão
estar concluídos até 28 de fevereiro do próximo ano. O projeto
foi encaminhado à Fapesp em 2010, quando estava à frente
da Direção do CMU o historiador José Roberto Zan. (Amarildo
Carnicel)