Um
aumento de quase 8% na capacidade funcional foi o resultado
de uma pesquisa com obesos mórbidos após perderem em média
10,5 quilos no pré-operatório da cirurgia bariátrica. O
teste de caminhada de seis minutos foi o método utilizado
pelo fisioterapeuta Tiago Maia de Oliveira para avaliar
26 pacientes que aguardavam a realização da cirurgia no
Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O objetivo do estudo
de mestrado apresentado por Oliveira junto à Faculdade de
Ciências Médicas (FCM) foi entender até que ponto a perda
de peso interferiria na capacidade funcional e função pulmonar
dos pacientes que apresentavam Índice de Massa Corpórea
(IMC) mediano de 50,5 kg/m2. Isto porque relatos na literatura
apontavam um aumento da capacidade de realização de atividades
de vida diárias e melhora na função pulmonar após a cirurgia.
No caso do ambulatório de obesidade mórbida
do HC da Unicamp, coordenado pelo cirurgião gastroenterologista
Elinton Adami Chaim, também orientador da pesquisa, existe
o compromisso por parte dos pacientes em perder peso semanalmente
até serem selecionados para a cirurgia. A quantidade de
peso perdida pelo paciente neste período é estabelecida
pela equipe médica em cada caso, podendo variar entre 10%
a 20% do seu peso inicial. A medida visa, entre outros fatores,
estimular o paciente a uma mudança de comportamento em relação
à alimentação. “Se não tiver alteração nos hábitos e na
mentalidade, a cirurgia pode não ter o efeito desejado e,
até mesmo, levar o paciente a ganhar peso novamente”, destaca
o fisioterapeuta, que fez parte do grupo durante o período
do estudo. Tiago Oliveira argumenta ainda que a perda de
peso pré-opera- tória diminui o risco de mortalidade durante
o procedimento cirúrgico.
Toda semana os candidatos devem comparecer
a uma reunião com a equipe multidisciplinar formada por
médicos, nutricionistas, educador físico, enfermeiros, assistente
social e fisioterapeuta. Conforme acordado entre os obesos
mórbidos e a equipe, é obrigatório que se perca peso de
uma semana para outra, pois do contrário o paciente é eliminado
do programa. A cada 10 quilos perdidos é realizada uma bateria
de exames para avaliação de vários parâmetros e, justamente,nesta
etapa, Tiago Oliveira introduziu ainda as avaliações de
capacidade funcional e função pulmonar.
A obesidade pode prejudicar a função pulmonar,
explica ele, principalmente por alterações na mecânica ventilatória
e resistência das vias aéreas. Também os volumes pulmonares
e músculos respiratórios são prejudicados. “Com o aumento
do peso corporal, a complacência respiratória diminui e,
com isso, o obeso pode apresentar um padrão de respiração
rápida e superficial, o que pode ocasionar falta de ar”,
esclarece. Os obesos avaliados pelo estudo, no entanto,
apresentaram função pulmonar dentro dos padrões de normalidade
antes da perda de peso. Já o outro teste – que consiste
na caminhada rápida sem correr durante seis minutos para
medir a distância percorrida – os obesos caminharam 468
metros antes da perda de peso. Após o procedimento, a marca
foi de 520,5 metros. Ou seja, no pré-operatório, apenas
com as perdas programadas, em torno de 10 kg, os obesos
já se aproximaram aos valores previstos de normalidade.
“Provavelmente, após a cirurgia e com uma maior perda de
peso, estes indivíduos terão ganhos ainda maiores na capacidade
funcional, contribuindo para uma melhora na qualidade vida”,
conclui.
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■ Publicação
Dissertação: “Avaliação
da capacidade funcional e função pulmonar de obesos mórbidos
após perda ponderal em grupo multidisciplinar de preparo
pré- operatório”
Autor: Tiago Maia de Oliveira
Orientadora: Elinton Adami Chaim
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas
(FCM)