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Partituras do nosso tempo
Ciddic vai priorizar
repertório de compositores
contemporâneos em atividades e pesquisas
Com a fusão do Núcleo de Integração e Difusão Cultural (Nidic)
e do Centro de Documentação de Música Contemporânea (CDMC),
a Unicamp conta agora com o Centro de Integração, Documentação
e Difusão Cultural, o Ciddic, já em plena atividade. A nova
unidade, ligada à Coordenadoria de Centros e Núcleos (Cocen)
da Unicamp, tem, desde a interseção, as atividades focadas
na música contemporânea, principalmente no repertório produzido
por compositores brasileiros dos séculos 20 e 21, de acordo
com o diretor Fernando Hashimoto. A ideia é intensificar tanto
a execução quanto a pesquisa de obras desta área.
Além do CDMC, o novo centro
incorporou as atividades da Orquestra Sinfônica e da Escola
Livre de Música (Unibanda). A nova organização exigiu uma
reformulação também no repertório executado pela Orquestra
Sinfônica da Universidade, que até então era composto em sua
maioria por obras do período clássico. O centro pretende explorar
o acervo de 15 mil exemplares do CDMC, que apesar de ser uma
filiação da organização francesa de mesmo nome, contém nomes
relevantes do repertório brasileiro. Isso não significa romper
de vez com o clássico, mas inserir aos poucos a música contemporânea
nos repertórios a ser apresentados, segundo o diretor.
Para a maestrina do Ciddic
Simone Menezes, a iniciativa de inserir peças contemporâneas
em concertos de música clássica é importante tanto para os
instrumentistas, que ampliam a forma de tocar, quanto para
o público, que vai se acostumando a ouvir música contemporânea.
“É algo novo para o público que não tem contato com a música
contemporânea e também para músicos que sempre tocaram música
clássica. Um pizzicato (técnica em que as cordas do instrumento
são dedilhadas e não tocadas com o arco), por exemplo, requer
uma maneira diferente de ser tocado, dependendo da sonoridade
exigida pela música”, explica. Em algumas peças contemporâneas,
prossegue Simone, o cantor, além de executar as notas musicais
com a técnica que domina, precisa buscar sonoridade em outras
partes do corpo.
Ao
contrário do que muito críticos pregavam, o século 20 gerou
bons compositores, como é mostrado em pesquisas do próprio
acervo do CDMC, porém, a música contemporânea encontra dificuldades
para encontrar espaço de execução. Além de tornar conhecidos
esses compositores menos conhecidos, o projeto é uma oportunidade
para que instrumentistas ligados ao Ciddic executem as obras.
“Aqui na Unicamp mesmo temos alunos e professores compondo
o tempo todo. O novo projeto deve dar visibilidade a esses
compositores”.
Desde que assumiu o Nidic,
antes da reformulação, Hashimoto iniciou um projeto com
concertos de música de câmara (que exige número menor de
instrumentos) da própria orquestra sinfônica com a finalidade
de expandir os locais de concerto. Há eventos e espaços
que, segundo ele, não comportavam uma orquestra do porte
da OSU, mas a motivação para que os músicos se reúnam
em grupos de câmara tornam os concertos mais acessíveis.
A prática de câmara teve início com o Projeto Música no
Campus, coordenado pelo assessor especial de Gabinete do Reitor
Eduardo Guimarães.
De acordo com Simone, a Unicamp
é a primeira universidade brasileira a focar o trabalho de
um grupo sinfônico na música brasileira contemporânea.
A produção de concertos, gravações e vídeos nesta área
pode dar origem a um acervo histórico de performance musical.
Em
2008, o trabalho da OSU já começava a ser direcionado a partir
do Projeto Novos Universos Sonoros – compositores brasileiros
e solistas. Segundo Hashimoto, o projeto, realizado pela Unicamp
e com patrocínio da Petrobras, viabilizou a pesquisa de novas
sonoridades acústicas (também conhecidas como extended techniques)
e a gravação de um CD com obras de compositores brasileiros
envolvendo músicos e pesquisadores ligados a oito universidades
brasileiras.
Pesquisa
Quatro linhas de trabalho devem direcionar os pesquisadores
em música contemporânea ligados ao Ciddic: ensino, performance,
acervo e canto coral. Para aprimorar o trabalho acadêmico,
o Ciddic pretende implantar um projeto que traga para o debate
na Universidade compositores veteranos, o que, para a maestrina
Simone, seria uma oportunidade rara e importante por colocar
estudantes, jovens músicos e a comunidade em contato com a
experiência dos contemporâneos.
Concertos
O Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes de Campinas
será palco, dia 28 de maio, às 20 horas, das novas iniciativas
do Ciddic com a execução da obra Pedro e o Lobo, de Serguei
Prokofiev (1891-1953), com narração da diretora do Instituto
de Artes da Unicamp, Sara Lopes; e também com a performance
do violonista Diogo Oliveira para o Concerto para Violão n.
4 do compositor carioca Radamés Gnattali (1906 - 1988). O
mesmo concerto será apresentado dia 27, no auditório do Instituto
de Artes da Unicamp, com entrada gratuita. O compositor inglês
Edward Elgar (1857-1934) também será apresentado no evento
com as obras Chanson de Matin et Chanson de Nuit (Canção da
Manhã e Canção da Noite), duas obras curtas de forma livre
de Elgar. “Tratam-se de duas obras despretensiosas e líricas
com melodias que estão entre as mais belas do repertório sinfônico”,
diz Simone.
Prokofiev,
segundo Simone, é um dos compositores mais celebrados do
século 20, dentre suas obras destaca-se a Pedro e o Lobo
(1936), composta para orquestra sinfônica e narrador que
tem como objetivo apresentar ao ouvinte as diversas sonoridades
da orquestra sinfônica. Com esta produção, o Ciddic cumpre
a missão já anunciada durante apresentação da peça A
História do Soldado, de Stravinski, em 2009, no Centro de
Convivência e no Espaço Cultural Casa do Lago, de oferecer
grandes espetáculos à comunidade. O compositor brasileiro
Radamés Gnattali destaca-se como sendo um dos relevantes
compositores do século 20 a transitar entre o erudito e o
popular. O Concerto n. 4 é bem característico de sua obra,
segundo Simone, possuindo uma rítmica contagiante e um leve
toque “jazzístico”. O violonista Diogo Oliveira é um
dos muitos alunos que terão oportunidade de participar da
programação do Ciddic, que abrirá espaço para maestros
convidados, incluindo alunos de regência do curso de música
da Unicamp.
Serviço
Obras: Pedro,
o Lobo, de Prokofiev, com OSU e narração de Sara Lopes,
e Concerto para Violão Número 4, de Radamés Gnattali
Intérprete: Diogo Oliveira
Data: Dia 27 de maio, às 12h30
Local: Auditório do IA - Entrada gratuita
Data: dia 28, às 20 horas
Local: Centro de Convivência Cultural
de Campinas
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10,00
para estudantes, idosos, comunidade da Unicamp e compra
antecipada
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