DESBRAVANDO FRONTEIRAS
A Unicamp fechou o ano de 2008 cumprindo uma meta importante
do seu Plano Estratégico (Planes): proporcionar a
10% dos alunos de graduação a oportunidade
de ter uma experiência internacional. "Atualmente,
esse índice está em 10,2%, tomando por base
o número de formandos", adianta o professor
Luís Cortez, dirigente da Coordenadoria de Relações
Internacionais e Institucionais (Cori), órgão
que responde juntamente com a Pró-Reitoria de Graduação
(PRG) pelo fomento das ações nessa área.
De acordo com Cortez, os estudantes que participam de intercâmbios
e realizam parte da sua formação em instituições
estrangeiras de reconhecida excelência tendem a ser
profissionais mais valorizados pelo mercado, principalmente
dentro do atual contexto da globalização.
"Não tenho dúvida de que esse tipo de
experiência constitui um diferencial importante no
currículo desses jovens", acrescenta.
A mobilidade estudantil,
designação técnica para esse processo
de internacionalização, é historicamente
estimulada pela Unicamp. Entretanto, a partir de 2001 ela
ganhou nova dimensão, graças à elaboração
de um plano de ação específico. Ou
seja, passou a contar com um suporte institucional. Recentemente,
uma coletânea de dados referentes à mobilidade
estudantil nos últimos cinco anos permitiu que se
elaborasse um panorama da internacionalização
na Universidade. Os dados foram organizados de modo a se
obter informações sobre o número de
alunos que tiveram tal experiência, para quais países
eles foram e em que cursos estiveram ou estão matriculados.
O número de estudantes com pelo menos um semestre
de experiência internacional cresceu nos últimos
anos, passando de 79 para 231. Este aumento é proporcionalmente
maior do que o crescimento do número de alunos da
Unicamp.
Em 2003, 4,2% dos alunos que se formaram no mesmo ano tiveram
a chance de realizar um intercâmbio internacional.
Esta porcentagem cresceu a partir de 2005, conforme apontam
os dados da coletânea. "Nós conseguimos
dar um salto significativo nessa área", considera
Cortez. Se forem considerados também os alunos da
Unicamp que realizaram estágios através do
The International Association for the Exchange of Students
for Technical Experience (IAESTE), a porcentagem de jovens
com experiência internacional em 2008 chega a 11,9%.
O IAESTE é um órgão consultivo da Unesco
que promove estágios acadêmicos em aproximadamente
80 países.
Tal avanço foi conseguido em virtude da consolidação
de alguns programas de mobilidade estudantil e da implantação
de ações estratégicas específicas,
tais como: criação de um posto de atendimento,
estímulo à participação da Unicamp
em redes que levem à mobilidade estudantil, busca
de parcerias para obtenção de financiamento,
participação em oportunidades criadas pelo
governo federal e publicações de boletins
que apresentam chances de participação em
ações de intercâmbio.
Com relação aos programas de mobilidade estudantil,
um que se consolidou nos últimos anos é o
denominado Escala Estudantil, inserido na Associação
das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), entidade
não-governamental sem fins lucrativos da qual a Unicamp
faz parte. A AUGM congrega oito instituições
argentinas, oito brasileiras, uma chilena, duas paraguaias
e uma uruguaia. A duração da mobilidade, nesse
caso, é de um semestre. O programa, explica o professor
Alberto Serpa, assessor da Cori, é baseado no princípio
da reciprocidade. Ou seja, cada universidade determina a
quantidade de vagas semestrais destinadas aos alunos estrangeiros
e envia igual número de estudantes às parceiras
no exterior. Neste programa, as instituições
de origem arcam com os custos de transporte e fornecem uma
bolsa. As instituições de destino respondem
pelo alojamento e alimentação. Nos últimos
anos, a Unicamp tem enviado 24 alunos por semestre dentro
deste programa. "Alem disso, as escolas estabelecem
um plano prévio de estudos de modo a buscar o aproveitamento
dos créditos", detalha Serpa.
Além do Escala Estudantil, a Unicamp também
coloca à disposição dos estudantes
de graduação alguns programas apoiados pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes). São eles: Fund
for the Improvement of Post Secondary Education (FIPSE),
dos Estados Unidos; Programa Brasil/França Agricultura
(BRAFAGRI), com a França; e Programa Brasil/França
Ingénieur Technologie (BRAFITEC), também com
a França. Juntos, os três respondem pelo envio
ao exterior de aproximadamente 45 alunos por ano dos cursos
de Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica,
Engenharia Agrícola, Engenharia Civil e Matemática.
"Nestes programas, os nossos alunos recebem da Capes
as passagens aéreas, seguro saúde e uma ajuda
de custo", destaca o professor Serpa.
A importância dos programas Escala Estudantil BRAFITEC,
BRAFAGRI e FIPSE reflete-se no número de alunos da
Unicamp que partem para aqueles países a fim de obter
a experiência internacional. Conforme o levantamento
da Cori, 65% dos alunos da Unicamp partiram para a França,
Argentina e Estados Unidos no período de 2003 a 2008.
Com relação à participação
dos alunos em termos das grandes áreas do conhecimento,
houve maior participação no segmento de Ciências
Exatas, Tecnológicas e da Terra.
"Contudo, as áreas da Unicamp possuem números
bem diferentes de alunos, e é importante avaliar
a internacionalização dentro de cada uma delas",
assinala Serpa".
A distribuição dos alunos
com experiência internacional relativa ao número
de formandos por área de conhecimento, conforme o
professor Cortez, permite notar que as áreas ainda
possuem um percentual de internacionalização
muito diferente, o que motiva ações futuras
no sentido de um maior equilíbrio.
Programas
e ações estratégicas
Criação de um novo Posto de
atendimento, fruto da cooperação entre a Cori
e o Serviço de Apoio ao Estudante - SAE, para fornecer
informações aos estudantes. Este escritório
junto à Biblioteca Central - BC da Unicamp foi criado
em agosto de 2006 com o objetivo de facilitar o acesso à
informação pelos estudantes.
Estímulo para a participação da Unicamp
em redes que levem à mobilidade estudantil (AUGM,
Rede Magalhães, Erasmus Mundus);
Busca de parcerias para obtenção de financiamento,
como por exemplo, o apoio do Banco Santander;
Participação em oportunidades divulgadas
pelo governo federal brasileiro, principalmente através
da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior);
Publicação de boletins que apresentam as
oportunidades de intercâmbio, aspectos culturais,
principais recomendações sobre os países
(os boletins criados nos últimos anos foram: Alemanha,
Argentina, Espanha, França e Japão).
Continua nas páginas 6 e 7