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Químico investiga ação
de herbicida líder de mercado
O
Glifosato é hoje o herbicida mais usado no mundo. Apenas no
Brasil, são consumidas cerca de 100 mil toneladas por ano,
nas culturas de soja, cana-de-açúcar, café e cítricos, entre
outras. Porém, são poucas as investigações sobre o mecanismo
de ação do produto, principalmente da forma como o químico
Flavio Bastos abordou em seu trabalho de mestrado apresentado
no Instituto de Química (IQ). Ele analisou a ação do herbicida
em água e determinou os parâmetros termodinâmicos de sua interação
com íons metálicos como cobre, cálcio, zinco e alumínio. “A
principal contribuição do trabalho é entender o comportamento
do defensivo agrícola para propor o uso racional do produto.
Não se trata de estimular a utilização, mas estabelecer parâmetros
que determinem quais as melhores condições para se aplicar
o produto, evitando assim seu uso de forma descontrolada e
irresponsável”, explica Bastos.
Segundo o químico, os metais
são micronutrientes essenciais às plantas e as interações
entre eles e o herbicida têm, entre outras consequências,
a menor disponibilidade destes minerais para a planta. Quando
o produto é aplicado no solo, por exemplo, ele pode ser retido
pelas moléculas ou eliminado. Neste último caso, pode ser
absorvido pelas plantas, havendo grandes chances de vir a
atingir os lençóis freáticos e causar sérios impactos ambientais.
No caso de ser retido pelas moléculas presentes no solo, interfere
negativamente no desenvolvimento da planta.
Uma série de fatores determina
qual destes processos irá ocorrer e em que intensidade. Entre
eles, a acidez do solo, a concentração do herbicida e a
temperatura. “A combinação desses fatores é que vai definir
tanto a eficiência quanto a fitotoxicidade do Glifosato na
agricultura”, explica Bastos. Mas, a maior preocupação
é com o uso inadequado do produto, que pode ocasionar uma
eficiência menor que a desejada e levar o agricultor a utilizar
uma quantidade maior que a necessária. Este aspecto aumenta
ainda mais a sua presença no meio ambiente e se reflete em
impactos ambientais maiores.
Como o Glifosato é classificado como herbicida não seletivo,
ou seja, ataca qualquer tipo de planta e sua molécula interage
fortemente com os íons presentes no solo, seu uso com outro
tipo de defensivo agrícola, por exemplo, pode reduzir significativamente
o efeito de um ou de outro produto. “Não existe consenso
quanto aos mecanismos envolvidos neste processo de sua interação
com os metais, por isso a importância de se entender melhor
o comportamento do herbicida e avaliar as reações das quais
ele participa”, esclarece Bastos. (R.C.S.)
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