|
Unicamp disponibiliza laboratório
multiusuário para pesquisadores
LCTAD vai prestar serviços em genômica,
proteômica, bioinformática e citometria
A
Unicamp está colocando em operação o Laboratório Central de
Tecnologias de Alto Desempenho (LCTAD), laboratório multiusuário
que vai prestar serviços em genômica, proteômica, bioinformática
e citometria, inicialmente para pesquisadores da comunidade
científica interna, mas com abertura para estendê-los futuramente
a outras instituições do Estado de São Paulo e do país. A
previsão é de que o serviço de bioinformática seja disponibilizado
já na segunda quinzena de abril, e os de sequenciamento, de
citometria e de proteômica, na virada de semestre.
“A Reitoria
vem trabalhando neste projeto desde 2009, dentro do conceito
de implantar core facilities, laboratórios centrais onde pesquisadores
podem obter análises de alta complexidade que sairiam muito
caras se realizadas em seus próprios laboratórios – em razão
do elevado custo do equipamento e da manutenção – ou que encomendariam
a instituições externas. Aqui, pretendemos oferecer serviços
de qualidade e dentro de prazos competitivos como aqueles
oferecidos por outros serviços públicos ou privados, sendo
que para o pesquisador vamos repassar apenas o custo das análises.
Além disso, os grupos de pesquisa raramente tiram máximo proveito
de plataformas analíticas com elevado output de dados, o que
não justificaria a aquisição por um único grupo de pesquisa”,
explica o professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa.
Segundo
Pilli, a Unicamp obteve um aporte de aproximadamente R$ 4
milhões junto ao Programa de Equipamentos Multiusuários da
Fapesp, destinado à compra de três sequenciadores, microscópio
confocal, citômetro de fluxo, microcalorímetro, purificador
de proteínas e toda a infraestrutura de Bioinformática. “Um
sequenciador já chegou e entrará em rotina após a instalação,
treinamento de técnicos e testes de validação. Pretendemos
apoiar pesquisadores que já utilizam o sequenciamento e atrair
grupos que ainda não utilizam esta ferramenta de biologia
molecular”.
O pró-reitor
acrescenta que, como contrapartida ao financiamento da Fapesp,
a Unicamp vai aplicar recursos de igual valor na construção
do prédio do Laboratório Central (com 2.000 m2 e previsto
para ficar pronto no próximo ano) e na contratação e treinamento
de pessoal. “Já estamos oferecendo na segunda edição do curso
de Bioinformática, voltado principalmente para talentos da
graduação. A falta de recursos humanos talvez seja o maior
gargalo para consolidação dos trabalhos em genômica no país.
A meta é ter dez estagiários de Bioinformática trabalhando
conosco até o final do ano, alem do pessoal permanente”.
Atrás de borboletas
Para a formação dos profissionais na área de Bioinformática,
a Reitoria conta com o apoio do Laboratório de Genômica e
Expressão (LGE), coordenado pelo professor Gonçalo Pereira,
que ressalta a revolução vivida na biologia a partir da década
de 1990. “O biólogo tradicional sempre foi visto como aquele
que corre atrás de borboletas e tem uma memória extraordinária
para guardar os nomes científicos das espécies. Agora, com
a biologia molecular, passamos a entender como a vida funciona
a partir das moléculas. E, com as técnicas de sequenciamento,
uma ciência que era qualitativa se tornou quantitativa: há
uma verdadeira inundação de bancos de dados, que crescem exponencialmente,
como uma biblioteca que dobra de tamanho a cada ano”.
Gonçalo
Pereira observa que o pesquisador, para explicar um fenômeno
biológico, conta hoje com uma infinidade de informações que
só podem ser tratadas com a informática. “A esta disciplina
foi dado o nome de bioinformática, dando origem a profissionais
totalmente exógenos à área, como por exemplo, formados em
física e ciência da computação. E aquele biólogo que estuda
a mesma borboleta, passa a necessitar de técnicas de genômica
para sequenciar uma nova espécie”.
Nesse sentido, o docente é
de opinião que a Unicamp, percebendo esta nova realidade,
está sendo pioneira na implantação de um Laboratório Central
para facilitar o acesso de todos os docentes e pesquisadores
à bioinformática. “A missão é de educar os pesquisadores e
colocar a tecnologia para dar um plus em projetos de alto
nível. Para um médico, é impossível aprender tudo sobre bioinformática
a fim de fazer seu trabalho avançar alguns degraus. Devemos
mostrar que não é preciso conhecê-la profundamente e que ela
é importante e acessível. Outro objetivo é a geração de um
mercado promissor para a computação associada à biologia”.
Time em formação
A pesquisadora Sandra Krauchenco, doutora em biologia estrutural
e escolhida pela Pró-Reitoria de Pesquisa para gerenciar a
implantação do LCTAD, informa que os pesquisadores da Unicamp
contarão com quatro serviços: genômica, com sequenciamento
de DNA e RNA; Bioinformática, com anotação e análise de dados
gerados no sequenciamento; proteômica, relativo à expressão
de proteínas; e citometria de fluxo, voltado mais ao diagnóstico
de doenças. A Pró-Reitoria de Pesquisa conta com o apoio de
um grupo de trabalho formado pelos professores Paulo Arruda
(IB), Gonçalo Pereira (IB), Sarah Saad (FCM), Carlos Ramos
(IQ) e Zanoni Dias (IC) para definir as metas e estratégias
de trabalho. A chegada nos próximos dias do professor François
Artiguenave, especialista em Bioinformática, para atuar como
professor visitante do exterior junto à FCM irá ampliar ainda
mais as competências envolvidas nesse esforço de oferecer
serviços de qualidade aos docentes da Unicamp.
A
gerente do projeto informa que o edital estabelecendo as regras
para o uso pelos pesquisadores do serviço de Bioinformática
será divulgado pela PRP no final de março, com a reserva de
15 dias para análise e aprovação dos projetos submetidos.
O time da Bioinformática será coordenado por Gustavo Gilson
Lacerda Costa, formado em Ciência da Computação e contará,
nesta fase de implantação dos serviços no LCTAD, com apoio
da equipe de Bioinformática do LGE. O Laboratório Central
de Tecnologias de Alto Desempenho já possui um site para mais
informações.
|
|