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AVC na infância compromete
evolução cognitiva, diz estudo

Raquel do Carmo Santos

 

A pedagoga Sonia das Dores Rodrigues (Foto: Antoninho Perri)Estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) detectou comprometimento na aprendizagem de crianças acometidas por acidente vascular cerebral (AVC). Em avaliação realizada pela pedagoga Sonia das Dores Rodrigues com 35 crianças atendidas no Laboratório de Pesquisa em Doença Cerebrovascular da Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas, constatou-se prejuízo neste grupo de crianças em todas as provas e testes utilizados. Seis destas crianças, inclusive, apresentaram grave comprometimento intelectual e não responderam a nenhum tipo de teste cognitivo.

“Até o final da década passada a idéia passada pela literatura era que o AVC na faixa etária pediátrica teria bom prognóstico. Estudos mais recentes, no entanto, vêm demonstrando que a evolução cognitiva da criança pode ser afetada pelo insulto cerebrovascular. Analisando-se os resultados do grupo, verificamos que, independentemente do tipo de AVC, houve prejuízo do desenvolvimento cognitivo, da memória de curto prazo e das habilidades básicas de escrita, leitura e aritmética”, explica Sônia.

A tese de doutorado, defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e orientada pela professora Sylvia Maria Ciasca, aponta para a importância do rápido encaminhamento dessas crianças para avaliação e reabilitação cognitiva. A defasagem no processo de aprendizagem, segundo Sonia, não é contemplada na avaliação geral do paciente pediátrico que teve AVC. Em geral, apenas a recuperação motora e a linguagem são privilegiadas, possivelmente porque os sinais são mais evidentes.

O estudo, neste sentido, procura chamar a atenção para o aspecto preventivo, já que muitas vezes a defasagem na aprendizagem só será identificada quando a criança iniciar o processo de alfabetização. “Quanto mais precoce for o diagnóstico da defasagem cognitiva e da intervenção psicopedagógica, mais chances a criança terá de eliminar, ou ao menos minimizar, os efeitos decorrentes da dificuldade no processo de aprendizagem”, esclarece a pedagoga.

O AVC na infância é tido como doença rara, se comparada à incidência nos adultos. A taxa é de aproximadamente 1,29 a 3 casos por 100 mil crianças por ano, enquanto entre adultos é de 3 a cada 10 mil habitantes/ano. A pesquisa desenvolvida por Sonia Rodrigues só foi possível graças ao trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em AVC na Infância e Adolescência, coordenado pela professora Maria Valeriana Leme Moura Ribeiro. O grupo atende crianças com diagnóstico de doença cerebrovascular a partir de um enfoque multidisciplinar. A equipe é composta por neurologistas, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo e pedagogo.


 
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