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Pesquisador avalia espaços do Parque do Ibirapuera

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O educador físico Paulo Cezar Nunes Junior: visitas ao espaço de lazer preferido dos paulistanos (Foto: Antoninho Perri)Uma área verde em meio ao céu de concreto, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é um espaço de diferentes usos e práticas de lazer. São exposições, espetáculos e concertos, eventos dos mais diversos e, ainda, uma paisagem marcada pelas longas caminhadas, corrida, piqueniques ou a prática de esportes aos finais de semana. Enfim, como bem define o educador físico Paulo Cezar Nunes Junior, um oásis para o paulistano que desenvolve uma série de percepções ao entrar no local. “O parque urbano ocorre em um tempo-espaço diferente do restante da cidade. Não há veículos, os sujeitos estabelecem relações um pouco diferentes daquelas vivenciadas em outros locais. Ao passar pelos portões do Ibirapuera, a impressão que se tem é que as sensações se dilatam”, reflete.

Durante oito meses, em 2008, Nunes percorreu a extensa área do parque e, a partir da observação no cotidiano e do cruzamento de teorias sociais e antropológicas, refletiu sobre as práticas de lazer e a apropriação do espaço. Os dados de suas 38 visitas constam na dissertação de mestrado “Espaço para o tempo livre: Considerações sobre lazer e apropriação do espaço urbano no Parque Ibirapuera”, apresentada na Faculdade de Educação Física (FEF). Paulo Cezar foi orientado pela professora Silvia Cristina Franco Amaral, coordenadora do Grupo de Estudos em Políticas Públicas e Lazer da FEF. O estudo contou com o financiamento da Capes e, por seis meses, parte da pesquisa foi realizada na Universitat de Barcelona e orientada pela professora Nuria Codina Mata a partir de uma parceria da Unicamp com o Banco Santander.

Ao partir da Barra Funda, o trajeto do educador físico se completava nas avenidas Paulista e Brigadeiro Luis Antonio, até chegar a um dos principais cartões-postais de São Paulo. Com bloco e caneta em mãos, ele estabeleceu parâmetros de análises basicamente pelas observações dos frequentadores do parque. A metodologia permitiu que Nunes estabelecesse algumas considerações sobre a apropriação do espaço pelos visitantes a partir do que denominou espaço para o tempo livre. “Percebi que duas questões podem justificar a frequência massiva e popular observada, principalmente aos finais de semana. Primeiramente, a segurança que o local oferece e, segundo, a versatilidade, ou seja, em um só espaço congregam-se várias atividades como shows, exposições, serviços públicos, quadras para esportes, além da marquise para as práticas dos ciclistas e skatistas”, explica.

O Ibirapuera chega a receber mais de cento e cinqüenta mil visitantes aos domingos. Durante a semana, no entanto, a frequência gira em torno de 20 mil pessoas. Embora seja um parque que pode ser caracterizado como elitista, já que nos dias de semana é freqüentado basicamente pela classe média e alta dos bairros próximos, nos finais de semana e feriados as classes populares fazem do local um importante espaço de lazer e de contato com a natureza. “São pistas que ajudam a entender a realidade do espaço durante a semana. São frequentadores com alto poder aquisitivo, ao contrário do público do final de semana, constituído predominantemente pelas classes populares”, atesta Nunes, que chegou a observar grupos de até 30 pessoas reunidas para passar o dia fazendo piquenique ou comemorando aniversário em um domingo.

Para o pesquisador, os parques urbanos são espaços que estão cada vez mais em evidência. Quanto maior a cidade, maior a necessidade de se planejar áreas verdes destinadas a diversas atividades. “Vários fatores da urbanização afastam o homem de suas relações com as áreas verdes tão vitais para a vida”, destaca. Aberto todos os dias das seis horas até a meia-noite, o Parque Ibirapuera foi criado em 1954 para abrigar uma exposição internacional. E hoje é um dos parques urbanos mais importantes do Brasil.

 
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