Estação de novidades
CIS Guanabara programa série de
atividades econsolida-se
como ponte entre a Unicamp e a comunidade
LUIZ
SUGIMOTO
A
partir deste mês, professores, alunos
e funcionários da Unicamp deverão ocupar plenamente as plataformas
e demais espaços da Estação Guanabara para transportar o
conhecimento produzido na Universidade à comunidade de Campinas,
por meio de cursos de extensão, espetáculos artísticos,
palestras, salas de leitura, exposições e inúmeras outras
atividades.
O Centro
Cultural de Inclusão e Integração Social (CIS Guanabara)
foi inaugurado em abril de 2006, dentro de um hectare remanescente
da malha ferroviária e obtido em comodato pela Unicamp.
O conjunto arquitetônico tombado pelo Patrimônio Histórico
– Armazém do Café, Prédio Administrativo e Gare – veio recebendo
benfeitorias e passou por amplo restauro no início de 2008,
mas agora todas as instalações serão equipadas e ativadas.
“Faz
parte da natureza da Unicamp transmitir sua rica produção
e estreitar laços com a cidade, mas a distância geográfica
é um complicador. A recuperação desse espaço na região central
e a nossa articulação com produtores de cultura e movimentos
sociais de Campinas consolidam uma ponte para essa integração”,
afirma o professor César Nunes, da Faculdade de Educação,
que assumiu recentemente a coordenação do CIS Guanabara.
Desde a inauguração pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos
Comunitários (Preac), quando grafiteiros pintaram os tapumes
do canteiro de obras, marcando o território, e artistas
promoveram dois dias de música e dança, a Estação abrigou
iniciativas diversas: cursos e oficinas; encontros de estudantes,
profissionais e movimentos populares; espetáculos teatrais.
A Campinas Décor, mostra de arquitetura e paisagismo, propiciou
o custoso e cuidadoso restauro do Prédio Administrativo
e da Gare.
O calendário
de 2009 já trouxe um curso de Língua Brasileira de Sinais
(Libras), o Festival Internacional de Leitura de Campinas
(Filc), a Semana do Meio Ambiente e a exposição Descobrindo
a História. Também houve encontros para crianças e adolescentes
dizendo respeito aos seus direitos e à violência sexual.
“O público tem sido muito bom. O Filc, por exemplo, atraiu
20 mil pessoas em dez dias”, informa o coordenador.
Armazém do Café
A área do Armazém do Café destinada a espetáculo, diz Cesar
Nunes, tem 500 metros quadrados de boa acústica, ocupados
com uma ou duas apresentações gratuitas todo mês. “Para
trocar as telhas francesas quebradas, mandamos fazer um
forno especial em Tambaú”.
Do
lado de fora, em terreno ora utilizado apenas como estacionamento,
os responsáveis pelo CSI planejam montar um circo-escola.
“Neste segundo semestre, ainda que inicialmente em sala
coberta, já teremos uma primeira disciplina, a de malabares,
com o professor Marco Bortoleto, da Faculdade de Educação
Física. A previsão é de acolher 40 jovens divididos em duas
turmas”.
O Armazém ainda comporta
uma sala para reuniões e espetáculos menores, e outra onde
estão 12 computadores especiais doados pela IBM para o Laboratório
de Acessabilidade Digital, que visou à inclusão de pessoas
com deficiência visual. “Como boa parcela dos interessados
só pode vir à noite, pretendemos melhorar as condições de
segurança com mais guardas e câmeras, antes de incrementar
outras atividades neste período”. O coordenador do CIS explica
que cursos anteriores foram mantidos e outros inseridos,
como os de orientação vocacional para jovens. Ele próprio,
que é doutor em ética e sexualidade, começou a ministrar
curso sobre o tema Educação Afetiva e Ética Sexual em agosto.
“São quinze encontros com adolescentes, em que eu cuido
de sensibilizá-los antes da vinda de médicos, enfermeiros
e psicólogos para uma reflexão a respeito da sexualidade
nos tempos atuais”.
Dentro da Estação
O Prédio Administrativo herdou belas instalações da feira
de paisagismo, como dois luxuosos banheiros para o público
– a plaqueta indicativa em braile é apenas um detalhe do
respeito à acessibilidade. Espaços total ou parcialmente
equipados serão destinados a biblioteca, cozinha para aulas
de culinária, sala multiuso e salas de aula, uma delas para
cursos profissionais de cabeleireiro e beleza. É a Unicamp,
entretanto, que vem investindo em reparos hidráulicos e
elétricos, mobiliário e computadores.
Segundo César Nunes, a biblioteca
possui estantes para seis mil livros – quase metade disso
doada por parte dos organizadores e participantes da Feira
de Leitura e outra metade a ser arrecadada junto a docentes
e estudantes em pontos de doação montados no campus da Unicamp.
“Não vamos revestir o local com a frieza de uma biblioteca
acadêmica. Queremos um ateliê, onde uma criança possa viajar
pelo mundo da leitura a partir da Estação Guanabara”.
Os móveis para as salas
dos funcionários já chegaram ao prédio, que abrigará também
a coordenação, a central de vigilância por câmeras e o serviço
de atendimento aos visitantes. “Solicitamos ainda estudos
e providências para viabilizar uma sala que abrigará um
café e uma lan house popular, onde o público possa acessar
a Internet”.
Gare
metálica
As plataformas da velha estação foram transformadas em espaço
de exposições e feiras, com aproximadamente 2.000 m² e capacidade
para receber 2 mil pessoas, segundo o coordenador. “A ideia
é trazer três vagões antigos, através de doações, onde serão
adaptados um museu com fotos da Mogiana e materiais ferroviários,
uma sala de leitura para idosos e, talvez, uma floricultura
ou café que permitam apreciar obras de arte”.
Alunos
da Unicamp serão incentivados a apresentar ao público seus
projetos de pesquisa, a exemplo de um grupo do Instituto
de Biologia, que recebeu de César Nunes a incumbência de
planejar uma ampla recuperação ambiental do terreno, com
a criação do futuro Bosque dos Ferroviários. “Teremos ao
redor do terreno uma plantação de pau-brasil, que por ser
madeira de lei não pode ser retirada, o que contribui para
manter o tombamento”.
O coordenador
adianta que o calendário do segundo semestre já tem confirmados
eventos como a Mostra de Artes nas Escolas, o Festival do
Jazz, o Campinas Festival do Café, a Semana da Cultura Afro-brasileira,
a Estação de Leitura e o Seminário de Implantação de Trens
Turísticos, entre outros. “Estamos vivendo o sonho de fazer
do CIS Guanabara um espaço de cultura, consciência e formação
de jovens. A Estação está se inserindo no circuito cultural
de Campinas”.