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Projeto
promove troca de informações
sobre tratamento de anomalias craniofaciais
Especialistas
da Unicamp estão à frente de programa
nacional que já detectou serviços
em 130 hospitais
O Projeto
Crânio-Face Brasil é a primeira iniciativa
para reunir informações em nível
nacional sobre tratamento e prevenção
de anomalias craniofaciais, com o objetivo de promover
a troca de conhecimentos entre os profissionais e
melhorar o atendimento aos pacientes. À frente
do projeto está o Departamento de Genética
Médica da Faculdade de Ciências Médicas
(FCM) da Unicamp, que já concluiu uma etapa
inicial de coleta de dados junto a 130 serviços
do país. Este cadastro nacional, à medida
que for sendo ampliado, permitirá mapear a
distribuição geográfica dos serviços,
otimizando o atendimento.
"Na
prática, a proposta é de investimento
em um ramo novo da genética, a genética
comunitária, que transforma os conhecimentos
científicos em ações de prevenção,
tornando-os acessíveis à população.
Temos apenas cerca de cem especialistas em genética
clínica no Brasil, o que provavelmente deve
refletir em uma carência na atenção
para investigação e aconselhamento genético
nos serviços que atendem portadores de anomalias
crânio-faciais. Além disso, a maioria
dos profissionais e dos serviços especializados
concentra-se nas regiões Sul e Sudeste, o que
favorece uma não-eqüidade de acesso da
população. A partir do mapeamento teremos
melhores condições para planejar ações
de saúde coletiva nesta área, uma das
quais pode ser a oferta de assessoria genética
a profissionais que atuam na ponta do sistema de saúde
atendendo os pacientes", afirma a geneticista
Vera Lúcia Gil da Silva Lopes, professora da
FCM e coordenadora do projeto.
Cinco
por cento dos bebês nascem sob risco de apresentar
algum defeito congênito, independentemente de
país, raça ou condições
socioeconômicas. Segundo dados do Mistério
da Saúde, as anomalias congênitas foram
a segunda causa de mortes no primeiro ano de vida
em 1999. Os 5% englobam problemas decorrentes, por
exemplo, de condições ambientais, como
o uso do álcool ou a rubéola, causas
genéticas ou outros fatores indefinidos. Nesta
população, as alterações
craniofaciais são muito freqüentes, principalmente
as fissuras de lábio e de palato e os defeitos
de tubo neural, seguidos de casos mais raros como
craniossinostoses, holoprosencefalias e defeitos dos
arcos branquiais.
Prevenção
- O tratamento é complexo e normalmente
prolonga-se até a idade adulta, exigindo o
acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. "O
tratamento é global. A criança precisa
de uma ou mais cirurgias para correções,
de tratamento fonoaudiológico para problemas
de audição e fonoarticulação
que são freqüentes, ortodôntico
e de acompanhamento psicológico também
para o indivíduo e sua família, pois
essas deficiências físicas podem acarretar
problemas de auto-estima ", explica Vera Lopes.
A médica observa que
a avaliação do portador de anomalia
craniofacial requer a intervenção do
geneticista objetivando não só a definição
do diagnóstico e da etiologia, mas também
a avaliação de risco de recorrência
e o emprego de medidas de prevenção
atualmente disponíveis, tanto para os genitores
quanto para os indivíduos portadores do quadro.
"A fissura lábio-palatina, por exemplo,
não tem uma única causa. Assim, para
cada família é necessária uma
avaliação específica, a fim de
se estabelecer um risco de que reincidência
- que pode estar na faixa dos 5% habituais ou não
- e ainda se existem meios específicos para
prevenção. Com a informação
adequada, a família ficará mais preparada
para decidir sobre futuras gestações",
observa a geneticista.
Números -No
futuro, o projeto Crânio-Face Brasil poderá
dar uma grande contribuição nos estudos
epidemiológicos sobre anomalias craniofaciais
no País, favorecendo estudos multicêntricos
sobre a incidência e prevalência dessas
condições, pois geralmente os casos
não são notificados. "O objetivo
primeiro é o de identificar as carências,
os serviços que prestam atendimento e quais
deles têm acesso à genética. Às
vezes, os profissionais sabem que o paciente precisa
de encaminhamento, mas não sabem para onde.
Neste levantamento inicial detectamos 130 hospitais,
alguns deles no Norte e Nordeste, bem aparelhados.
Mas a falta de integração entre os serviços
acaba trazendo um paciente de Manaus para Campinas,
quando teria um lugar mais próximo", alerta
a geneticista.
Uma segunda fase do projeto,
ainda em andamento, objetiva a verificação
das necessidades fonoaudiológicas para os portadores
de fissuras lábio-palatinas na região.
Em outubro começará um programa de educação
continuada voltado ao profissional não-geneticista,
capacitando-o a diagnosticar defeitos congênitos
mais comuns no período neonatal, oferecer informações
à família e registrar cada caso. Também
estão previstas entrevistas com as famílias
sobre as orientações que receberam para
o tratamento dos portadores de fissuras lábio-palatinas.
"É um projeto aberto, financiado pela
Fapesp. Outros serviços que quiserem participar
têm acesso ao e-mail pelo qual receberão
o questionário para preenchimento. Nossa idéia
é agregar não apenas os geneticistas
do país, mas cirurgiões, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, cirurgiões dentistas,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, pediatras
e outros profissionais em torno de projetos comuns",
afirma Vera Lopes.
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SERVIÇO
O Ambulatório de Dismorfologia
do Departamento de Genética Médica é
um dos poucos no Brasil que oferecem diagnóstico
e aconselhamento genético na área da
anomalias crânio-faciais . Os casos devem ser
encaminhados ao Setor de Triagem do Hospital das Clínicas
(HC) da Unicamp, mediante relatório médico
médico, às quintas-feiras pela manhã,
quando são agendadas as consultas específicas
Para cadastro no Projeto Crânio-Face
Brasil:
cranface@fcm.unicamp.br
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OBSERVAÇÃO
A versão impressa do Jornal da Unicamp traz
incorreções
que foram revistas no texto acima
Pedagoga usa o volteio
como proposta educacional
ANTONIO
ROBERTO FAVA
Crianças ou adolescentes
com certo grau de agressividade ou que apresentem
problemas de relacionamento com os pais, são
dois exemplos de alunos da pedagoga Mirja Jaksch
Weller, cuja proposta educacional está
fora dos estabelecimentos tradicionais de ensino.
As aulas uma ou duas vezes por semana
consistem no que se denomina volteio,
uma modalidade eqüestre para o ensino de
elementos de dança, ginástica
e acrobacias. Mirja defendeu sua tese de mestrado
sobre o assunto.
Ao todo são 25 alunos,
a partir dos três anos de idade. Alguns
deles da Fundação Pró-menor,
instituição com a qual a pedagoga
trabalha já há oito anos e que
já formou cerca de 95 alunos. Os resultados
junto aos alunos têm sido além
do que normalmente se pode esperar, diz a professora.
O principal propósito
do volteio é desenvolver no indivíduo
a auto-estima. A figura do cavalo simboliza
a força, a beleza, a velocidade e o poder.
A criança, ou o adolescente, tem a sensação
de estar absorvendo esses elementos que o animal
proporciona. Há uma espécie de
cumplicidade entre o indivíduo e o cavalo,
argumenta a pedagoga. Essa cumplicidade ocorre
quando há um contato corporal entre ambos
o cavalo proporcionando à criança
ou ao adolescente a robustez, a segurança
do seu corpo e elementos afetivos que podem
servir de estímulo aos envolvidos. Para
a pedagoga, o cavalo, hoje, é mais que
um simples meio de transporte: Ele pode
ser considerado também um grande amigo
do homem, avalia, salientando que o
calor do animal pode servir, sobretudo, de carinho
à criança. Principalmente aquela
que, por qualquer motivo, seja uma carente.
Nem todas as crianças
conseguem resultados satisfatórios de
imediato com o animal. Mas há crianças
e adolescentes que, em pouco tempo já
demonstram aptidão e habilidade
incríveis com os exercícios
de volteio. Algumas delas se destacam na dança,
outras na ginástica e outras ainda se
saem melhor nos exercícios acrobáticos.
Mas de modo geral, todos eles têm
suas habilidades e aptidões. Claro que
não podemos mudar a situação
social desses adolescentes; mas podemos fazer
com que tenham uma vida melhor, mais significativa.
É possível, por exemplo, resolver
conflitos familiares, aumentar a auto-estima,
assim como o nível de tolerância.
O volteio é uma modalidade
esportiva até que simples. O comando
do animal é feito pelo longeur, ou o
instrutor. Com um chicote feito de vara de pesca
e uma tira de couro fino de três metros
de comprimento, o instrutor administra os exercícios
que podem ser elementos básicos
de dança, acrobacias ou ginástica
, conduzindo o animal a dar voltas com
a criança em seu dorso.
Izac Silva de Araújo,
17 anos, é um dos alunos de Mirja. Pratica
volteio ativamente desde os 12 anos de idade.
Diz que no início foi com o intuito de
comunicar-se com as pessoas, porque se sentia
muito isolado. Ele tinha uma razão para
isso: havia perdido a mãe muito cedo.
Por isso, aspirava por algo que lhe trouxesse
algum tipo de conforto. Aqui, encontrei
muito mais eu precisava, diz.
Aluno da oitava série
do supletivo, Izac conta que, além de
cavalos, o que mais gosta de fazer é
ler e cantar. Tanto é que é que
tem até um grupo de pagode, o Trio Maneiro.
Como projetos de vida futuros, quer cursar fisioterapia,
para dar continuidade ao meu trabalho
com cavalos, revela.
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