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Fisioterapia antes de cirurgia pode
atenuar complicações respiratórias
A
fisioterapeuta Ana Beatriz Sasseron recomenda ao paciente
que irá se submeter a uma cirurgia cardíaca que passe por
sessões de fisioterapia respiratória, antes de ser hospitalizado,
com o objetivo de minimizar os prejuízos da função respiratória
após o procedimento. Quando o paciente se submete a uma cirurgia
cardíaca, explica ela, é bem comum apresentar, no pós-operatório,
disfunções respiratórias em razão de vários fatores. O quadro
pode levar a complicações mais graves e, em consequência,
provocar até mesmo a morte do indivíduo.
Para embasar a sua teoria, Ana Beatriz realizou pelo menos
cinco sessões de fisioterapia com exercícios específicos para
os pulmões em 35 pacientes antes que estes passassem pela
cirurgia na Santa Casa de Misericórdia de Araras, interior
de São Paulo. Em dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade
de Ciências Médicas (FCM), a fisioterapeuta conclui que a
terapêutica auxiliou a recuperação da função respiratória
destes pacientes no pós-operatório.
O ideal, segundo Ana Beatriz,
é que se realizem em caráter preventivo o maior número possível
de sessões de exercícios respiratórios. No entanto, a cirurgia,
por sua própria natureza, impõe riscos e precisa ser feita,
na maioria das vezes, mais precocemente possível, o que dificulta
estabelecer o número ideal de sessões. “O quanto antes o paciente
for encaminhado para o atendimento fisioterapêutico, melhor
será a sua preparação para o procedimento”, explica a autora
da pesquisa, que teve orientação dos professores Ilka Boin
e Sebastião Araújo.
Ela esclarece que os principais
centros médicos que dispõem deste tipo de procedimento adotam
alguns cuidados no pré-operatório e, em muitos casos, a fisioterapia
é incluída. Mas, essas ações normalmente ocorrem quando o
paciente já está hospitalizado e prestes a ser submetido à
cirurgia, restando tempo para que sejam feitas no máximo uma
ou duas sessões.
A recomendação para os especialistas
é que já na fase que precede a cirurgia, ou seja, no momento
em que o indivíduo está realizando os exames de rotina, sejam
incluídas também as sessões de fisioterapia respiratória.
“A prevenção nestes casos pode, inclusive, reduzir o tempo
de internação do paciente, diminuindo o risco de infecção
hospitalar ou outras complicações do gênero”, argumenta.
Para o estudo, a abordagem
de Ana Beatriz aos pacientes ocorria no ambulatório de cardiologia,
antes da internação hospitalar. Na sequência, os voluntários
passaram por avaliações um dia antes da cirurgia e, no primeiro,
terceiro e quinto dias após o procedimento. Em todos os parâmetros
avaliados, os resultados comprovaram a influência na evolução
da função respiratória dos pacientes no pós-operatório. No
entanto, não houve diferenças estatísticas da função respiratória
no que se refere à quantidade de sessões realizadas. Isto
significa que, independentemente do número de sessões, é importante
a realização de fisioterapia antes da cirurgia, com orientações
gerais sobre a cirurgia e utilização de técnicas e recursos
que possam amenizar as alterações esperadas neste período,
favorecendo um adequado restabelecimento destes pacientes
no pós-operatório. (R.C.S.)
Artigo
Sasseron, A. B, Boin, I. e Araújo, S. A dor interfere
na função respiratória após cirurgias cardíacas? in: Revista
Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. 2009
Publicação
Dissertação: “Atuação fisioterapêutica e avaliação da função
respiratória em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca eletiva”
Autor: Ana Beatriz Sasseron
Orientador: Ilka Boin e Sebastião Araújo
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
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