|
Estudo associa mutação gênica em
mulheres à fissura labial em bebês
Uma mutação gênica em mulheres descoberta por pesquisadores
da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) está relacionada
ao risco de nascimento de bebês com fissura labial e/ou palatina,
uma das deformidades faciais mais comuns em todo mundo. As
pesquisas, desenvolvidas em colaboração com o Centro de
Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade
de Alfenas (Unifenas), abrem perspectivas de novos estudos
em torno da malformação congênita, conhecida popularmente
como “lábio leporino” ou “goela de lobo”. Segundo
a autora da pesquisa, a cirurgiã-dentista Andréia Bufalino,
no Sul de Minas Gerais, por exemplo, para cada mil crianças
nascidas vivas, 1,46 nascem com algum tipo de fissura. No
entanto, esta prevalência é variável em outras cidades
do mundo.
O estudo, orientado pelo professor
Ricardo Della Coletta, consistiu na realização de testes de
DNA em um total de quase 300 mães, tanto aquelas com crianças
portadoras de algum tipo de fissura, quanto aquelas cujos
filhos não apresentavam a malformação. Como resultado, as
análises demonstraram que a presença do polimorfismo (ou mutação)
no gene MTHFR aumenta em aproximadamente seis vezes o risco
de nascimento de uma criança com fissura labial e/ou palatina.
Este fator genético específico, explica Andréia, nunca havia
sido exclusivamente associado ao problema até então. Por isso,
a importância de futuros estudos que avaliem o envolvimento
destes genes na população brasileira, uma vez que são poucas
as pesquisas no país que avaliam polimorfismos como fator
de risco materno para fissura labial e/ou palatina.
Andréia lembra que as causas
das fissuras em geral são complexas e não se sabe ainda qual
o fator etiológico envolvido que funciona como principal desencadeador
da anomalia. “Acredita-se ser um problema multifatorial, pois
está associado com vários fatores ambientais, tais como o
hábito materno de fumar, consumo de bebida alcoólica, uso
de drogas e o desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes
e obesidade durante os três primeiros meses de gestação, entre
outros”, explica. Por outro lado, existe uma possível relação
entre o desenvolvimento de uma fissura e a presença de alterações
genéticas ou polimorfismos no DNA materno ou da criança em
alguns genes específicos. Neste sentido, Andréia não incluiu
na pesquisa as mães que relataram algum tipo de contato com
algum dos principais fatores ambientais, para que houvesse
a menor influência destes e assim fosse observada apenas a
questão genética.
Outra vertente do trabalho
realizado pela pesquisadora confirmou ainda dados da literatura
que demonstram a importância da suplementação vitamínica com
ácido fólico nos três primeiros meses de gestação. O que comprova
este aspecto foi a observação de que 70% das mães com filhos
fissurados não haviam feito uso da suplementação vitamínica
contra 30% que usaram a suplementação. “Isto significa que
a falta de suplementação vitamínica, além da presença de uma
alteração no DNA destas mães, também pode colaborar para o
aumento do risco de se ter um filho com fissura”, explica
a pesquisadora. O ácido fólico, estaca Andréia, exerce um
efeito protetor para evitar o nascimento de um filho com a
anomalia.
Publicação:
“Análise da suplementação vitamínica e de poliformismos
em genes da via do metabolismo do ácido fólico em
mães brasileiras de indivíduos com fissuras lábio-palatinas
não-sindrômicas”
Modalidade: Dissertação de mestrado
Autora: Andréia Bufalino
Orientador: Ricardo Della Coletta
Unidade: Faculdade de Odontologia
de Piracicaba (FOP)
Financiamento: Capes e CNPq |
|
|