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Metodologias quantificam níveis de
vitamina C e flavonoides em geleias
Nível vitamínico estava
acima do limite diário recomendado
Pesquisa conduzida pela pesquisadora Raquel Grando de Oliveira,
da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), aperfeiçoou
e validou novas metodologias de análise capazes de identificar
e quantificar os níveis de vitamina C e flavonoides em geleias
de frutas. Foram avaliados seis diferentes sabores (morango,
laranja, abacaxi, goiaba, maracujá e rosela), todos eles
em combinação com a acerola. O resultado que mais chamou
atenção da pesquisadora foi a verificação de grande concentração
de vitamina C – acima do limite recomendado para ingestão
diária – em todas as amostras.
De acordo com Oliveira, alimentos
cujo processo de produção utiliza temperaturas de cozimento
muito altas, em geral, têm esse nível bastante degradado.
Para a pesquisadora, no entanto, a grande contribuição da
pesquisa foi o desenvolvimento das metodologias, uma novidade
em termos de produtos processados em alta temperatura. “A
literatura mostra vários trabalhos que realizam análises
em sucos e frutas in natura, porém para produtos que
necessitam de alta temperatura de cozimento, nenhum método
relevante foi encontrado”, afirmou Oliveira. O trabalho,
que resultou em sua tese de doutorado, foi orientado pelo
professor Marcelo Alexandre Prado, do Departamento de Ciência
dos Alimentos (DCA).
Com relação à metodologia,
a pesquisadora explicou que, para identificar e quantificar
a vitamina C, foram utilizados três métodos: o colorimétrico,
a cromatografia líquida de alta eficiência e a eletroferese
capilar. Oliveira lembrou que os dois primeiros foram aplicados
em dez geleias naturais. Em vista dos resultados obtidos,
o fabricante modificou a formulação das geleias visando aumentar
a quantidade de vitamina C presente no produto final. Posteriormente,
as seis novas formulações descritas foram avaliadas por cromatografia
líquida e eletroforese capilar. Após uma comparação de todos
os resultados obtidos, o método de eletroforese foi considerado
o mais adequado. O nível de vitamina C presente nas geleias
variou de “não detectado” na primeira fase de testes, para
608mg em 100g de amostra.
Já para a identificação e
quantificação de flavonoides, Oliveira utilizou a cromatografia
líquida e a eletroforese capilar. A pesquisadora observou
que a verificação da composição desse tipo de elemento exige
uma etapa de extração complexa e, portanto, boa parte do estudo
englobou o aperfeiçoamento dessa técnica visando resultados
mais expressivos. Foram analisados sete diferentes flavonoides,
sendo que concentrações de até 23,3mg por quilograma de geleia
foram encontradas. A geleia de acerola-maracujá foi a que
apresentou o menor índice e a composição acerola-rosela, a
de maior valor. A rosela é uma flor, observou Oliveira, e
não possui vitamina C em sua composição, porém é extremamente
rica em flavonoides. Com relação à capacidade antioxidante,
os testes apontaram que a composição que apresentou a maior
eficiência foi a geleia de acerola com abacaxi.
Questionada sobre o fato de
ser a acerola a grande responsável pelo alto teor de vitamina
C encontrado nas amostras, Oliveira disse que possivelmente
sim. Porém, mencionou ainda que era de se esperar que, apesar
dessa quantidade, houvesse uma perda significativa durante
o processo de cozimento e que o produto final apresentasse
níveis baixos dessa vitamina. “Apenas uma porção das geléias
analisadas (25g) é o suficiente para suprir toda a vitamina
C que um adulto precisa no dia (45 mg). A vitamina é regularmente
excretado pelo corpo, mas doses muito excessivas já foram
relacionadas a pedras no rim e, em casos raros, à anemia,
causada pela interferência na absorção da vitamina B12” ,
disse Oliveira.
Parceria feita com uma pequena
indústria da cidade de Indaiatuba (SP) possibilitou a manipulação
de amostras cuja industrialização é mais artesanal do que
as geleias comuns, encontradas facilmente nas prateleiras
dos grandes supermercados. Mesmo assim, Oliveira disse não
ter dúvidas de que uma indústria de grande porte, produzindo
em escala comercial, pode, com modificações no processo,
ter uma resposta mais positiva com relação aos índices
de vitamina C no produto final, utilizando frutas in natura.
Publicação
“Identificação, quantificação e caracterização
antioxidante de flavonóides e vitamina C em geleias
de frutas”,
Modalidade:
Tese de doutorado
Autora:
Raquel Grando de Oliveira
Orientador:
Marcelo Alexandre Prado
Unidade:
Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)
Artigo:
publicado na Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos,
volume 30, nº 1
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