Campanha pretende
reduzir
tempo de coleta
do exame do pezinho
4/6/2009–
O bebê Hillari Vitória, de 8 meses, herdou de sua mãe
o traço falciforme. Ela aguarda o resultado de exames para
saber se possui algum outro tipo anemia associada à doença
falciforme, doença genética mais comum na população
brasileira e com alto índice de mortalidade entre recém-nascidos.
O diagnóstico do traço foi possível graças à triagem
neonatal conhecida popularmente como exame do pezinho, que
detecta precocemente esta doença e outras duas – a fenilcetonúria
e o hipotireoidismo congênito, que se, não tratadas, podem
resultar em deficiência mental. Embora tenha levado seu
bebê para fazer o teste - gratuito e assegurado em todo
o território nacional pelo Ministério da Saúde - a mãe
Ana Lídia Rocha dos Reis, de 19 anos, tomou conhecimento
do resultado do exame tardiamente, o que poderia comprometer
a saúde de Hillari.
Conscientizar sobre a importância do teste do pezinho,
reduzindo o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento
para estas doenças, é o principal objetivo de campanha
lançada no último dia 4 pelo Serviço de Referência em
Triagem Neonatal (SRTN), do Centro Integrado de Pesquisas
Onco-Hematológicas da Infância (Cipoi)
da Unicamp. “Queremos que as mães procurem o posto
de saúde no 3º ou 4º dia de vida do bebê para colher
o sangue através do exame do pezinho. E que elas voltem
depois de 2 a 3 dias úteis para pegar o resultado e, se
necessário, iniciar o tratamento imediatamente”, alerta
a médica Silvia Regina Brandalise, coordenadora do Serviço
de Referência em Triagem Neonatal da Unicamp e presidente
do Centro Infantil Boldrini, durante lançamento da campanha.
Ainda de acordo com ela, a fenilcetonúria e o hipotireoidismo
congênito, quando diagnosticados na primeira
semana de vida, com o tratamento adequado, não desenvolvem
os sintomas das doenças. No caso da doença
falciforme, a mãe precisa iniciar o tratamento entre
o 1º e o 2º mês de vida para impedir o surgimento
de infecções, que para adultos são
banais, mas para os recém-nascidos podem ser fulminantes,
explica.
Dados do Cipoi indicam que 76,20% dos exames do pezinho são
realizados até o 7º dia de vida; 21,94% entre 8 e 30 dias
de vida e 1,86% com mais de 30 dias. “Queremos chegar a
100% de exames realizados até o 5º dia útil de vida”,
vislumbra Silvia.
O tratamento para a fenilcetonúria e o hipotireoidismo é feito pelo Cipoi, cujo Programa de Triagem abrange 55 municípios da macrorregião de Campinas e de São João da Boa Vista. A anemia falciforme é tratada no Centro Infantil Boldrini por meio de parceria com a Universidade. O dia 6 de junho, sábado, é o Dia Nacional do Teste do Pezinho.
De acordo com a coordenadora Silvia Brandalise, a campanha contará com a distribuição em massa de materiais educativos para grupos de gestantes, além da realização de trabalho específico com profissionais da saúde sobre a importância da coleta precoce e conhecimento das doenças triadas. Está prevista, também, para setembro deste ano a realização de curso de atualização sobre triagem neonatal para ginecologistas, médicos, pediatras e enfermeiros.
(Sílvio Anunciação)