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Nogueira-Neto profere palestra no IB

 

17/5/2011 – O professor Paulo Nogueira-Neto, figura emblemática da conservação ambiental no Brasil, esteve no último dia 16 no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp para conceder palestra sobre a criação da Estação Ecológica de Jureia (1980) e a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (1981) – duas conquistas que resultaram da sua atuação direta. Nogueira-Neto foi o primeiro titular da Secretaria Especial do Meio Ambiente (hoje elevada a ministério) de 1972 a 1986, fundou o Conselho Fe- deral de Biologia e é considerado pai da Legislação Ambiental brasileira.

Professor emérito da USP, Paulo Nogueira-Neto também fundou uma das mais antigas ONGs da área ambiental, a Associação de Defesa da Flora e da Fauna – atual Associação de Defesa do Meio Ambiente (Ade- ma), que voltou a presidir. Recebeu uma medalha da ONU e foi o único brasileiro na Comissão Brundtland de Meio Ambiente, que criou o conceito de desenvolvimento sustentável.

Pouco antes da palestra, o professor comentou o impasse no Congresso em torno do novo Código Florestal, que teve sua votação adiada para o final do mês, diante da acusação de modificações de última hora no texto acordado entre ambientalistas e ruralistas. “Ótimo, [o código] não vai ser. Mas se os ambientalistas tiveram força para impedir a votação e o fato consumado, terão força também para garantir uma redação que seja a menos ruim possível. Além disso, conheço bem a ministra [Izabella Teixeira], que trablhou comigo na Sema e é uma pessoa firme nas convicções e muito hábil”.

Aos estudantes presentes na sala da Congregação do IB, Paulo Nogueira-Neto contaria como ajudou a viabilizar a Estação Ecológica de Jureia, a partir de uma área que era inicialmente muito menor, doada por um professor de botânica. “Havia vários projetos de loteamento ao longo da costa e esperávamos salvar pelo menos metade da praia, que tem cerca de oito quilômetros. Mas um fato que parecia ser a desgraça final tornou-se altamente favorável e acabamos salvando a praia inteira”.

Como desgraça iminente, o ambiente se refere à decisão do governo brasileiro de construir na Jureia oito usinas atômicas, por conta da corrida com a Argentina pela liderança em energia nuclear no Cone Sul. “Eu disse que não era possível ter uma estação ecológica junto com uma usina nuclear, mas o governo estava decidido e fechou questão. E, para a construção das usinas, veio a desapropriação de 23 mil hectares que estavam sendo divididos em lotes para receber cerca de 100 mil habitantes”.

Segundo Nogueira-Neto, um acordo entre Brasil e Argentina envolvendo Itaipu colocou fim à corrida nuclear, e o que parecia desgraça virou providência, visto que nessas alturas o problema dos loteamentos estava resolvido. Entretanto, o professor teve que influir também na intensa nego- ciação para que o governo paulista concordasse em adquirir os 23 mil hectares do governo federal e tornasse a Estação Ecológica de Jureia estadual.

Assim como em relação ao novo Código Florestal, Paulo Nogueira-Neto é otimista quanto ao destino da Jureia, desde que ali se consolide a figura do mosaico ecológico, contemplada no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). O mosaico é formado por áreas completamente protegidas e por outras destinadas ao desenvolvimento sustentável, bene- ficiando a população local. No caso de Jureia, o ambientalista defende a criação de parques abertos ao turismo, citando como exemplo bem sucedido o de Mamirauá (médio Solimões), que é a maior reserva florestal do país e onde os habitantes dobraram sua renda com o melhoramento da atividade de pesca. (Luiz Sugimoto).



 
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