A
fisioterapeuta Renata Di Grazia fez de sua própria experiência
uma motivação para conseguir minimizar os sintomas causados
pela Disfunção Temporomandibular (DTM) por meio da fisioterapia.
Ela associou a terapia manual, baseada no método denominado
Mulligan, à massagem clássica, para montar um programa de
tratamento com o objetivo de amenizar o quadro de um mal
que acomete em sua maioria as mulheres. Como se trata de
uma disfunção do sistema mastigatório que afeta, inclusive,
as articulações e músculos, são frequentes as dores de cabeça,
no ouvido e na cervical, além de provocar náuseas e vertigens.
A disfunção é resultante de múltiplos fatores, entre os
quais postura, bruxismo, estresse e outros. Com tudo isso,
a qualidade de vida do paciente acaba sendo bastante comprometida.
“Sofri muitos anos, principalmente com dores de cabeça.
Este foi o ponto de partida para usar a fisioterapia como
aliada. Passei a investigar o assunto e hoje me especializei
na área”, afirma Renata.
O programa proposto pela fisioterapeuta
foi testado em 29 mulheres,
entre 28 e 59 anos, atendidas no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) da Unicamp, onde Renata
desempenha suas atividades há 14 anos. Durante 16 semanas, as pacientes participavam de duas sessões semanais de 30 minutos cada, em dias alternados. Todas elas foram encaminhadas pelo Serviço de Odontologia ou pelo Serviço Médico
do Cecom. Isto porque, em geral, o diagnóstico de DTM é dado pelo cirurgião-dentista que identifica, pelo menos, três dos sintomas da doença. Pode acontecer, segundo explica Renata, de os sintomas aparecerem simultaneamente ou em separado, dependendo de cada paciente. Ao final do programa, as mulheres passaram por avaliações e responderam a um questionário, sendo os efeitos da terapêutica os mais satisfatórios possíveis. “Na maioria dos casos, as dores sumiram
ou foram amenizadas. Mas, o mais importante foi a melhora na qualidade de vida das pacientes. Em alguns casos, por exemplo, as pessoas não tinham vida social. Quando as dores chegavam, se trancavam no quarto e só conseguiam sair depois de tomar a medicação”, atesta. Após seis meses da terapia, as mulheres passaram por reavaliação e confirmaram os resultados positivos.
Mesmo com as melhoras, as voluntárias não interromperam o tratamento. Isto porque o programa
desenvolvido por Renata Di Grazia, cujo conteúdo consta da tese de doutorado defendida na Faculdade de Educação Física (FEF), orientada pela professora
Vera Aparecida Madruga Forti, não substitui o tratamento convencional da DTM proposto pelo cirurgião-dentista. Segundo a fisioterapeuta, não é comum se incluir a terapia manual na terapêutica da DTM. Em geral, o cirurgião-dentista, após o diagnóstico, poderá propor uma série de recomendações ao paciente, incluindo a utilização de aparelhos ortodônticos e placas miorrelaxantes. No entanto, o fato de se incluir o método Mulligan, associado à massagem
clássica, agiliza a melhora do paciente. “No Cecom, costumamos trabalhar de forma interdisciplinar e esta pesquisa comprova a eficiência
deste modelo. Para um melhor resultado, é preciso que o cirurgião-dentista, o médico e o fisioterapeuta atuem de forma integrada”, explica.
O método Mulligan é utilizado tradicionalmente na fisioterapia para outros fins. São micromovimentos nas articulações e, por meio da terapia, são realinhadas as articulações,
possibilitando a minimização das dores causadas pela desordem. Além deste programa testado no Cecom, Renata Di Grazia também está associando ao tratamento a acupuntura. “Embora não tenha incluído a acupuntura na minha pesquisa de doutorado, regularmente realizamos o tratamento tanto no Cecom como em minha clínica particular,
com excelentes resultados, pois a acupuntura potencializa os efeitos da terapia manual”, explica.
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■ Publicação
Tese: “Avaliação da aplicação do Método Mullingan e massoterapia clássica nas disfunções da articulação temporomandibular em mulheres adultas por meio da escala visual-numérica de dor e pelo SF-36”
Autor: Renata Di Grazia
Orientadora: Vera Aparecida Madruga Forti
Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)