Educadora física propõe
método para ensino de lutas
RAQUEL DO CARMO SANTOS
A
educadora física Mariana Simões Pimentel Gomes propõe
em sua dissertação de mestrado apresentada na Faculdade
de Educação Física (FEF) uma estrutura de planejamento
para o ensino de lutas para qualquer pessoa na iniciação,
inclusive pessoas com deficiência. O método poderia ser
aplicado, por exemplo, por professores de Educação Física
interessados em implementar o conteúdo no ensino fundamental
e médio para seus alunos.
A educadora física argumenta que a prática é pouco usual nas escolas, uma vez que os interessados nas técnicas buscam o aprendizado em academias especializadas. A proposta da educadora física, orientada pelo professor José Júlio Gavião de Almeida, contempla o ensino do que chamou de princípios condicionais que abordam o conteúdo de forma global, dando ao aluno a possibilidade de escolha futura por um ou outro tipo de luta. Além, é claro, de propiciar um maior leque de desenvolvimento motor e contribuir para o aspecto vocacional.
“O ensino fragmentado em modalidades na iniciação tende a restringir o universo de possibilidades, não contemplando contextos e personagens da pedagogia do esporte”, afirma. Segundo a educadora física, a ideia é desmistificar o conteúdo lutas dentro da Educação Física. Na sua maioria, os professores não utilizam aspectos desta categoria por entender que cada modalidade possui características específicas e com história e filosofia próprias.
Da forma como estruturou a proposta, Mariana defende que o professor de Educação Física estaria apto a ministrar o conteúdo global, sem necessariamente, ser mestre faixa-preta. Assim como ocorre nos jogos coletivos em que os princípios comuns de várias modalidades – vôlei, basquete e handebol – são passadas. “Trata-se de um conhecimento da Educação Física passível de ser ensinado na educação formal e não-formal, de maneira global, antecedendo o estágio especializado”, explica.
Para a pesquisa, Mariana entrevistou professores de Educação Física e mestres nas modalidades de lutas mais praticadas no Brasil: judô, jiu jitsu, taekwondo, karatê, kendo e esgrima. A partir das análises das respostas, demonstrou a disposição dos princípios condicionais: contato proposital, fusão ataque/defesa, oponente/alvo, imprevisibilidade e regras. “Estas determinantes foram fundamentais para a compreensão e leitura da dinâmica interna de qualquer prática de luta”, explica.
Como próxima etapa da pesquisa, no estudo de doutorado, Mariana pretende testar a estrutura de planejamento com deficientes visuais, físicos, auditivos e mentais para validar a proposta apresentada.