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Técnica avalia se PET reciclado é confiável

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Wanderson Romão, autor da pesquisa: controlando a qualidade final do produto a ser oferecido ao consumidor (Foto: Antonio Scarpinetti)Que a reciclagem do PET é a melhor alternativa para o país em termos ambientais e econômicos não se tem mais dúvidas. O que, por enquanto, se desconhece é até que ponto a utilização do PET reciclado na composição de embalagens para alimentos seria realmente segura. A partir da resolução 20/2008, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010, será permitido às indústrias a associação do PET reciclado e virgem para fabricação de embalagens para comportar alimentos. Isto quer dizer que parte do material reciclado estaria em contato direto com o produto. Neste sentido, pesquisadores do Instituto de Química (IQ) já se adiantaram e desenvolveram uma metodologia para aferir a qualidade do produto, inclusive quantificando a presença de PET reciclado nas embalagens.

Segundo o autor da pesquisa, Wanderson Romão, a polêmica é com relação ao risco de uma possível contaminação dos produtos alimentícios, caso os critérios mínimos não sejam respeitados. “A utilização da resina pós-consumo do PET para embalar alimentos, bebidas ou fármacos é bastante discutida, uma vez que as garrafas PET utilizadas, muitas vezes, vão parar em aterros sanitários ou misturadas no lixo comum. Com isso, alguns metais podem migrar para a resina e não ser suficientemente descontaminado dependendo do processo de reciclagem”, explica.

Até então, apenas a resina denominada virgem era permitida para a fabricação das embalagens PET, sendo que a resina pós-consumo tinha o seu uso proibido e não poderia ser utilizada em hipótese alguma para a fabricação de embalagens para alimentos. Em 1998,o Ministério da Saúde permitiu a utilização para acondicionamento de bebidas carbonatadas não alcoólicas, como é o caso do refrigerante. Recentemente, em março de 2008, a Anvisa baixou a resolução com requisitos gerais e critérios para a composição das embalagens utilizando o PET pós-consumo reciclado e descontaminado para o próximo ano.

O PET é o quarto polímero mais fabricado no Brasil e sua principal aplicação é na indústria de embalagens que soma 71%. Cerca de 60% dessas embalagens são recicladas, ou seja, é o polímero mais reciclado no país. A principal destinação é a exportação para outros países, cujo uso mais significativo é na indústria têxtil, na fabricação de camisas, meias e sacolas. Por isso, a pesquisa desenvolvida por Wanderson Romão também encontra outra aplicabilidade, pois o método garantiria a qualidade e assim facilitaria a venda para o mercado externo. “Na Europa, por exemplo, é preciso garantir que o PET vendido é 100% reciclado. Eles não aceitam de maneira nenhuma produto misturado à resina virgem por questões de impactos ambientais”, esclarece.

Romão iniciou o desenvolvimento da metodologia única no país, em 2007, orientado pelo professor Marco-Aurélio De Paoli, quando a utilização da resina pós-consumo ainda era proibida pelas autoridades. Parte do estudo foi em parceria com o Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas e com o Grupo de Espectroscopia de Raios-X, ambos do Instituto de Química. Naquela época, o estudo encontrava maior aplicação para a fiscalização de embalagens contendo PET reciclado. Com as novas resoluções, o método continua importante ferramenta fiscalizadora por permitir controlar a qualidade final do produto a ser oferecido ao consumidor. Em apenas 15 segundos, a partir de procedimentos de extração, é possível mapear e construir mecanismos de detecção dos oligômeros, substâncias presentes apenas no PET, usando medidas de espectrometria de massas. Quando o material é reciclado essas substâncias desaparecem e consegue-se saber o histórico do material, a qualidade, a porcentagem do reciclado, e até mesmo o processo pelo qual foi reciclado, além do estilo do fabricante.

 

 

 
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