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Unicamp é responsável por 60% da produção de pesquisas
em atividade motora adaptada quando o assunto é deficiência.
É seguida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), que possui 13% da produção nacional e pela Universidade
de São Paulo (USP), com 7%. Além disso, a maioria dos
profissionais de referência na área passou pelos programas
de mestrado e doutorado da Faculdade de Educação Física
(FEF) da Unicamp. Os dados constam da tese de doutorado
“A Atividade Motora Adaptada: O Conhecimento Produzido
nos Programas Stricto Sensu em Educação Física,
no Brasil” de Rita de Fátima da Silva, defendida na FEF
e orientada pelo professor Paulo Ferreira de Araújo.
O trabalho apresenta o estado
da arte nos estudos sobre a atividade motora adaptada envolvendo
populações em condição de deficiência. Segundo Rita,
não existe levantamento semelhante, pois se tratava de
um dos desafios dos profissionais em saber exatamente a
natureza das pesquisas e quem produz estudos acadêmicos
nesta área. “No desenvolvimento do mestrado sobre a qualidade
da disciplina de atividade motora adaptada nos cursos de
Educação Física, na região Centro-Oeste do país, me
vi diante desta questão. Muitos professores que entrevistei
tinham a mesma indagação e, por isso, resolvi investigar
o assunto”, destaca.
A pesquisadora colheu os
dados de 20 instituições de ensino superior, mas somente
nove entraram na amostragem por obedecer ao critério de
inclusão, ou seja, estarem de acordo com as orientações
da Capes, serem reconhecidas e terem disponibilizadas as
teses e dissertações via on-line em suas bibliotecas
digitais. O levantamento tomou como base o primeiro programa
de mestrado, em 1977, instituído pela USP, até o mais
recente programa de doutorado, criado em 2005 na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC).
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UFRGS
– Universidade Federal do Rio Grande do Sul; USP –
Universidade de São Paulo;
UGF – Universidade Gama Filho; UCB – Universidade
Castelo Branco; UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina; UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”;
UFPR – Universidade Federal do Paraná; UDESC – Universidade
para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina;
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas. |
No caso da Unicamp, o impacto
na produção nacional apareceu ao longo do trabalho. Segundo
a professora, era esperado que o volume de pesquisas fosse
significativo, mas foi surpresa a liderança do ranking
de forma tão expressiva, pois a soma das outras instituições
chega a 40%. Uma das justificativas, analisa, estaria no
fato de a instituição ter uma linha específica para trabalhos
sobre deficiência, também mantida pela UFRGS, segunda
em percentual de pesquisas. “Este fator favorece que haja
uma produção mais focada na questão, diferentemente de
outras instituições em que os trabalhos são ‘encaixados’
nas linhas existentes”, argumenta. Outro aspecto destacado
é o fato de as pesquisas em Educação Física envolvendo
a atividade motora adaptada estarem concentradas em áreas
predominantemente biológicas, com uma porcentagem de 56%,
seguidas das pedagógicas, com 25%.
A professora identificou
ainda que as regiões que concentram as pesquisas são basicamente
Sul e Sudeste, sendo os maiores volumes de estudos nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. São
18 linhas de pesquisa e um contingente de 123 pesquisadores.
No total, são 68 dissertações de mestrado e 20 teses de
doutorado até o final da pesquisa, em 2008. “Tive a oportunidade
de ler todos os trabalhos – 88 no total – e fiquei impressionada
com o conteúdo das investigações. Há muita coisa boa sendo
produzida no país e, no entanto, ainda percebemos os privilégios
dados aos estudos internacionais”, destaca.