Ciclistas
que ingerem cafeína anidra uma hora antes da realização
de exercício de curta duração, em competições, podem ter
melhor desempenho na prova. Este foi o resultado da pesquisa
feita pelo profissional de Educação Física Leandro Ricardo
Altimari, depois de realizar mais de cem testes físicos,
em uma parceria entre os laboratórios de Estudos Eletromiográficos
e o de Fisiologia do Exercício, ambos da Faculdade de Educação
Física (FEF). Orientado pelo professor Antonio Carlos de
Moraes, Altimari concluiu que a ingestão de seis miligramas
de cafeína por quilo de peso corporal aumenta o tempo de
exaustão e atenua a taxa de fadiga muscular do atleta. Isto
significa que o ciclista se mantém mais tempo fazendo exercício
de alta intensidade.
Segundo o educador físico, a ingestão de
cafeína por atletas era proibida até 2004 pela Agência Mundial
Antidoping. Como a substância está presente em vários alimentos
que fazem parte da dieta habitual de muitos países – e também
por questões relacionadas ao controle –, acabou sendo liberada
sem que sua ingestão seja hoje considerada doping. Neste
sentido, o que se buscou identificar na pesquisa realizada
na FEF foi o efeito da substância sobre o desempenho físico,
bem como os prováveis mecanismos de ação em exercícios de
curta duração – menor que dois minutos – e alta intensidade,
uma vez que seus efeitos para melhora da performance em
exercício de média e longa duração já são conhecidos.
Os
testes foram feitos com 12 ciclistas com idade média de
27 anos, que realizaram exercícios em ciclossimulador importado
exclusivamente para avaliar as condições reais de competição.
“Procuramos simular a atividade motora de pedalada o mais
próximo do realizado em ambiente externo, ou seja, durante
as competições, para obter resultados eficientes”, destaca
o professor de Educação Física, atualmente do quadro docente
da Universidade Estadual de Londrina.
Num primeiro momento foram identificadas
as características fisiológicas dos voluntários. Na seqüência,
foram propostas atividades, desenvolvidas entre seis e sete
semanas. Para efeito de comparação, o grupo de atletas foi
testado em duas condições distintas: uma com ingestão de
cafeína e outra placebo, por meio de sistema duplo cego,
com no mínimo 72 horas de intervalo entre os testes.
O que se observou, ao longo dos testes,
foi que a cafeína atua como estimulante sobre o sistema
nervoso central. Ela melhora o desempenho nos exercícios
de curta duração por meio de aumento na velocidade da condução
dos impulsos nervosos para as fibras musculares.
Este aspecto, explica Altimari, causa redução
da taxa de fadiga muscular. Outro achado importante foi
que os indivíduos iniciaram o exercício com percepção subjetiva
de esforço menor após a ingestão da substância. Segundo
o estudo, a cafeína mascara a percepção que o indivíduo
tem do esforço que ele realiza em determinado exercício.