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Unicamp está elaborando, por meio do Instituto de Economia
(IE) e da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares
de Pesquisa (Cocen), convênio com o Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
para a identificação e desenvolvimento de metodologias voltadas
à mensuração dos impactos econômico, social e ambiental
proporcionados pela infra-estrutura e qualidade no Brasil.
A área é responsável pela padronização, normalização e acreditação
de produtos, processos e serviços.
O objetivo da cooperação é traduzir em
números quanto o país está perdendo por eventuais falhas
nessa área ou quanto pode vir a ganhar caso a torne mais
eficiente, tendo em vista as exigências técnicas impostas
pelo mercado, sobretudo o internacional, aos produtos brasileiros.
“Até onde estamos informados, trata-se de uma iniciativa
inédita no âmbito da América Latina e Caribe”, afirma o
coordenador da Cocen e docente do IE, Jorge Tapia.
A intenção das partes, adianta o coordenador
da Cocen, é que os estudos estejam em andamento no início
de 2009. Ele destaca que o convênio tem dois aspectos relevantes.
Do ponto de vista mais geral, ele proporcionará o fornecimento
de dados concretos sobre os impactos provocados pelas possíveis
falhas na área de infra-estrutura de qualidade no Brasil.
Até aqui, os números são obtidos por aproximação. Além disso,
ao dimensionar as eventuais perdas, o trabalho também ajudará
a orientar medidas corretivas, o que deverá conferir maior
competitividade ao país. O segundo ponto importante, acrescenta
Tapia, é a construção de novos conhecimentos, com a conseqüente
formação de pessoal qualificado para trabalhar nesse segmento.
O docente do IE lembra que a infra-estrutura
de qualidade tem sido encarada pelos Estados Unidos e membros
da União Européia como uma área de importância estratégica,
notadamente no que se refere à formulação de políticas de
comércio exterior e desenvolvimento. “A infra-estrutura
de qualidade tem a ver com aspectos relacionados à metrologia,
normalização, padronização e acreditação. Em outros termos,
é o setor que impõe normas técnicas a produtos como combustíveis,
alimentos, medicamento etc. Por essas características, ela
também assume uma dimensão fundamental em termos de concorrência
internacional, visto que as barreiras técnicas muitas vezes
cumprem papel decisivo no quesito competitividade”, analisa.
Um exemplo da importância dessas discussões
vem do fórum realizado em 26 e 27 de agosto, em Santiago,
capital do Chile, do qual Tapia participou. O evento, organizado
pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(Cepal) e Physikalisch Technischen Bundesanstalt (PTB),
o equivalente ao Inmetro na Alemanha, debateu a importância
da atuação dos organismos reguladores regionais. Na ocasião,
o representante da Comunidade Européia no encontro estimou
que o bloco tem poupado algo como 10 bilhões de euros por
ano somente com o monitoramento dos impactos econômicos
decorrentes das atividades ligadas à infra-estrutura de
qualidade.
A despeito de o convênio ainda estar em
gestação, Tapia acredita que o principal trabalho a ser
desenvolvido pelos pesquisadores da Unicamp é a identificação
das metodologias já existentes e a sua adaptação à realidade
brasileira. “Nossa intenção é conceber um instrumento que
seja o mais eficiente possível. Ser o mais eficiente possível
significa conseguir os melhores resultados a partir da resolução
dos problemas técnicos existentes em diferentes áreas”,
esclarece. O objetivo final do trabalho, assinala o docente
do IE, é criar condições para que a infra-estrutura de qualidade
seja incorporada às estratégias de desenvolvimento do país.
“A partir disso, também queremos estabelecer uma rede no
âmbito da América Latina e Caribe para a troca de experiências
nessa área”, finaliza.