Acervo de Biondi é doado ao Cedae
Massa documental inclui matérias,
livros e cartas
MARIA
ALICE DA CRUZ
O
acervo de Aloysio Biondi (1936-2000), considerado um dos
maiores jornalistas brasileiros, foi entregue efetivamente
ao Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae) da Unicamp
no último dia 18. Em cerimônia realizada na Sala de Defesa
de Teses do Instituto de Estudos de Linguagem (IEL), os
filhos do jornalista, Antônio de Oliveira Leite Biondi,
Beatriz de Oliveira Leite Biondi e Antônio de Oliveira Leite
Biondi, concretizaram o desejo de tornar acessível o acervo
do pai ao assinar o termo de doação da massa documental,
tendo como testemunhas o secretário estadual de Ensino Superior,
Carlos Vogt, e o diretor do IEL, Alcyr Pécora. “Nosso objetivo
é manter vivos e divulgar os ideais de nosso pai, por isso
criamos o projeto ‘O Brasil e Aloysio’”, disse Antônio Biondi.
Entre matérias, cartas,
livros, discos e outros documentos está “Brasil Privatizado”,
obra de referência para compreender o processo de transformação
do Estado no País, na opinião de Vogt. Leitor de Biondi,
quando este escrevia para diversas publicações, o secretário
de Ensino Superior foi um dos responsáveis pelas negociações
da doação ao Cedae. A proposta contemplaria também as atividades
do curso de extensão em jornalismo literário e o curso de
especialização em jornalismo científico e cultural, oferecidos
em parceria com o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo
(Labjor), segundo Vogt. Para o secretário, a doação para
a Unicamp garante a perenidade, do ponto de vista cultural
e social, da vida profissional e pessoal de Aloysio Biondi.
Na opinião do diretor do IEL, Alcyr Pecora, coordenador
do curso de jornalismo literário, os documentos serão importantes
para a capacitação dos alunos.
Foi pensando nesta perenidade
que a família de Biondi decidiu procurar uma universidade
pública que pudesse abrigar o acervo, segundo Antônio Biondi.
“A Unicamp foi quem demonstrou maior interesse, afinidade
e disposição para aceitar o projeto”. Com o acervo, os filhos
doaram a tese-guia sobre a obra de Aloysio, que estava sendo
desenvolvida pela pesquisadora e amiga da família Taís Pereira,
da Faculdade Cásper Líbero, que faleceu este ano, vítima
de acidente automobilístico. A decisão de manter viva a
memória do pai é, segundo Antônio, uma forma de dar continuidade
ao pensamento de Biondi sobre o jornalismo na sociedade
brasileira.
O diretor do Cedae, Jefferson
Cano, lembrou a importância de Biondi no jornalismo do século
20. O acervo é importante para entender o engajamento e
a militância do jornalismo na vida pública. A doação também
celebra a parceria do centro de documentação com o Labjor,
segundo o diretor. “É um início feliz para o Cedae entrar
nesta seara do jornalismo com o acervo de Biondi”, acrescenta.
Referência
Aloysio Biondi é considerado uma referência no jornalismo,
sobretudo na área econômica. Sua carreira começou em 1956,
na então Folha da Manhã, hoje Folha de S. Paulo. No jornal,
exerceu as funções de editor-executivo do caderno de economia
e secretário de redação. Também trabalhou na Gazeta Mercantil,
Jornal do Commercio (RJ), Diário do Comércio e Indústria
(DCI-SP), Correio da Manhã (RJ), Diário da Manhã (GO) e
revistas Veja e Visão. Colaborou, ainda, com artigos em
diversas publicações alternativas, com destaque para o jornal
Opinião, um dos mais importantes espaços de debates e veiculação
de idéias durante o regime militar.
Biondi ganhou dois Prêmios
Esso, o mais importante do jornalismo brasileiro. O primeiro
foi em 1967, quando atuava na Visão, e o outro em 1970,
época em que trabalhava na Veja. “Aloysio Biondi é reconhecido
como um dos principais jornalistas da história do país,
mantendo como marcas em sua carreira a independência, o
espírito crítico, a ética e a capacidade de análise. Tinha
na profissão um verdadeiro sacerdócio. Dedicava-se a ela
dia e noite, pois acreditava estar, assim, contribuindo
com a busca da democracia e a luta por um país melhor”,
destaca uma breve biografia do jornalista.