Os profissionais que ganham salário mínimo nas regiões metropolitanas, em sua maioria, são homens com idade entre 25 e 44 anos que não completaram o primeiro grau. A conclusão faz parte do estudo de iniciação científica realizado por Alessandra Scalioni Brito, orientada pelo professor Paulo Eduardo de Andrade Baltar, do Instituto de Economia. A partir dos dados constantes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE referentes ao período de 1992 a 2003, Alessandra fez uma análise detalhada para traçar o perfil dos trabalhadores que ganham salário mínimo no Brasil.
A pesquisa considerou os ocupados residentes em metrópoles que constituem um universo de 22 milhões de pessoas. “As pequenas localidades poderiam levar a discrepâncias nos resultados. Os aposentados também não entram na pesquisa por merecerem um estudo à parte”, explica a estudante. Foram consideradas as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, e com São Paulo sendo que tratada separadamente por envolver um número elevado de ocupados.
Em uma primeira etapa de análises, a pesquisa financiada pelo CNPq revelou que, embora a maioria daqueles que ganham salário mínimo nas regiões metropolitanas não tenha completado o primeiro grau (47,1%), percebe-se que ao longo do período dobrou o índice de trabalhadores com segundo grau completo. Em 1992, a porcentagem era de 12,3%, enquanto 2003 registrou 27,3% dos trabalhadores com maior escolaridade. “Isto significa que a população está mais escolarizada, mas a economia não gerou empregos capazes de absorver essa força de trabalho mais educada”, avalia Alessandra.
Outra questão a ser destacada no estudo é a diminuição da proporção de jovens com menos de 20 anos que ganham o mínimo. Em 1992, esses trabalhadores com até 19 anos constituíam 20,3% e, em 2003, o número caiu para 12,5%. Por outro lado, na faixa entre 20 e 44 anos, em 1992 eram 63,6% e, em 2003, o número subiu para 66,8%. Os ocupados com mais de 45 anos somavam 16,1% em 1992 e, no ano de 2003, foram para 20,7%. O olhar mais atento para a região Nordeste mostra números ainda mais diferenciados. Ali, em 2003, os jovens com até 19 anos constituíam 6,6% do total de ocupados que ganham um salário mínimo; entre 20 e 44 anos essa proporção chega a 76,3%.
Segundo Alessandra Brito, sua pesquisa contribui para desmistificar a idéia de que o salário mínimo é geralmente a remuneração dos jovens não inseridos plenamente no mercado, como estagiários, trainees ou de primeiro emprego. A grande maioria é de pessoas de referência no domicílio e, além disso, o fato de estarem na faixa entre 20 e 44 anos significa que não se trata de início de uma carreira profissional. “O que se espera é que uma pessoa com idade entre 25 a 30 anos já esteja inserida no mercado com bons salários”, argumenta. A próxima etapa do trabalho será descrever o domicílio das pessoas que ganham o mínimo para completar o perfil desta categoria de trabalhadores.