A professora Claudia Bauzer Medeiros, do Instituto de Computação (IC), recebeu o prêmio oferecido pelo Instituto Anita Borg (ABI) em cooperação com a Sociedade Americana de Computação como uma das três mulheres que mais se destacaram mundialmente, fora dos Estados Unidos, pela contribuição prestada no desenvolvimento de pesquisa científica e pela atuação política em favor da inserção da mulher na computação. As outras duas personalidades agraciadas com o prêmio “Agentes de Mudança” foram Ijeoma Terese Ihenachor, da Nigéria, e Suriya Mayandi Thevar, da Índia.
Professora
do IC luta
por inserção
da mulher
na área
Segundo a professora Claudia, o prêmio é uma iniciativa importante no momento em que as estimativas apontam, a partir dos anos de 1990, para a queda da procura por parte das mulheres nos cursos de computação. Ela explica que o efeito é mundial e a questão tem despertado a atenção das autoridades, associações e empresas, no sentido de estimular o aumento desta participação. Para citar um exemplo, Claudia Medeiros, que também preside a Sociedade Brasileira de Computação (SBC), relata a participação das mulheres nas Olimpíadas de Programação, promovidas anualmente pela entidade e coordenadas no IC. “As mulheres medalhistas concentram-se na faixa etária até 14 anos. Existe um desinteresse pela área após essa idade. Nas categorias a partir dos 18 anos, dificilmente se encontram mulheres competindo”, lamenta.
Uma hipótese apontada por especialistas é que a profissão, teoricamente, não permitiria interações sociais. De qualquer maneira, muitas iniciativas governamentais e empresariais estão surgindo no mundo com o objetivo de atrair mais mulheres jovens para a área. “São verdadeiras redes de financiamento de empresas como IBM, Hewllet Packard (HP) e Microsoft, que consideram a questão estratégica”, esclarece. No Brasil, a proporção de mulheres docentes na computação é relativamente grande. Dados da SBC apontam que 30% dos professores em departamentos de Pós-Graduação pertencem ao sexo feminino. Mas Claudia justifica que são profissionais de uma geração em que a procura era considerável. A preocupação maior, no entanto, é para os próximos anos, uma vez que a oferta está diminuindo. Uma alternativa, segundo ela, seria aumentar a multidisciplinaridade, criando laços entre a computação e outras áreas.
Na Unicamp desde 1985, a professora Claudia Medeiros acumulou uma vasta produção acadêmica em mais de 30 projetos de pesquisa na área de bancos de dados científicos e sistemas de informações geográficas. Possui parcerias com várias faculdades na Unicamp para o desenvolvimento de sistemas de informação. Entre as parceiras estão o Instituto de Geociências, a Faculdade de Engenharia Agrícola, o Instituto de Biologia e o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri). Sua indicação ao prêmio partiu de especialistas que perceberam em sua contribuição aspectos importantes que justificariam o reconhecimento.