A cratera de impacto de Vista Alegre, no Paraná, descoberta em 2004, pelo professor Álvaro Penteado Crósta, do Instituto de Geociências, acaba de ser transformada em um sítio geológico voltado para o turismo e para a divulgação científica. Ao lado de pontos históricos consagrados no Paraná, como o Parque Nacional de Iguaçu que abriga as Cataratas do Iguaçu, o Parque de Vila Velha e a Unidade de Conservação da Ilha do Mel, a cratera de Vista Alegre também recebeu o reconhecimento da Mineropar – Minerais do Paraná, empresa estatal que regula as ações na área de geologia e recursos minerais naquele estado. Uma cratera de impacto consiste nas marcas deixadas na superfície dos planetas pelo impacto de corpos celestes, como asteróides, meteoritos ou cometas.

A parceria entre a Unicamp e a estatal permitirá aos visitantes acesso a várias informações sobre a formação da cratera e peculiaridades sobre o impacto do fenômeno nos terrenos rochosos da região. Um painel ilustrado com exemplos de crateras e a localização de cada uma delas no Brasil e no mundo, elaborado por pesquisadores da Unicamp e da Mineropar, foi afixado no interior da cratera e em outros pontos do município de Coronel Vivida, onde está localizada. Além do painel, um folheto em três línguas – português, inglês e espanhol – também foi produzido para ser entregue aos visitantes. A inauguração do painel ocorreu durante cerimônia no dia 16 de dezembro, com a presença de autoridades estaduais e municipais paranaenses e do próprio professor Alvaro Crósta.

Segundo ele, o reconhecimento é uma ótima oportunidade de divulgação da área de Geociências. O conhecimento sobre a formação de crateras desse tipo, e também sobre as conseqüências do fenômeno, não são assuntos freqüentemente transmitidos à população. Neste sentido, este tipo de iniciativa auxilia muito na difusão das descobertas geológicas. Como benefícios para a Unicamp, Crósta entende que será um forte estímulo ao ensino, pesquisa e extensão no instituto. Desde que foi descoberta, a cratera de Vista Alegre vem sendo objeto de projetos de iniciação científica e de pós-graduação, resultando em trabalhos acadêmicos.

Descobertas – São cinco as crateras de impacto reconhecidas no Brasil, sendo que o professor Álvaro Penteado Crósta foi o responsável pela identificação de três – a de Araguainha (Mato Grosso), Vargeão (Santa Catarina) e Vista Alegre. As outras duas – Cangalha (Tocantins) e Riachão (Maranhão) – foram reconhecidas por um geólogo norte-americano, John McHone.

Em Vista Alegre, bairro rural do município de Coronel Vivida, a existência de uma feição geomorfológica anômala deveu-se à perspicácia de um engenheiro florestal, Osmar Eugenio Kretschek, que entrou em contato com o pesquisador da Unicamp após ter lido matéria no Jornal da Unicamp (número 225) sobre os trabalhos desenvolvidos pela equipe da Unicamp na cratera de Vargeão. Em agosto de 2004, a descoberta foi apresentada por Crósta durante o 67th Annual Meeting of the Meteoritical Society, ocorrida no Rio de Janeiro. Em novembro daquele ano, a cratera foi incluída no Earth Impact Database (www.unb.ca/passc/ImpactDatabase/index.html), site científico mundial que registra as 172 crateras de impacto existentes na Terra.