O químico industrial
e engenheiro de alimentos Alexandre Consul Mendes
decidiu inovar no processo de produção
de rações animais. Ele empregou o sistema
de redes neurais sistemas inteligentes
para controlar o processo de extrusão do alimento.
Os resultados foram positivos. Sua pesquisa contribuiu
para a melhoria da qualidade do produto, considerando
as possíveis variações das condições
de processo e da matéria-prima. Trata-se de
um fato importante para a indústria de rações,
que é uma das que mais crescem no País.
A idéia de desenvolver
os sistemas de controle partiu da constatação
de que 90% das empresas utilizam o clássico
processo denominado PID (Proporcional, Integral e
Derivativo). Este processo, explica o orientador da
dissertação de mestrado Análise
do processo de extrusão na indústria
de pet food para a aplicação
de técnicas de controle avançado,
professor Vivaldo Silveira Junior, não seria
o mais adequado na utilização de sistemas
não-lineares, ou seja, com sensibilidades não
proporcionais aos distúrbios. Daí a
necessidade do uso de controles inteligentes.
Silveira, que coordena uma
linha de pesquisa na área de controles com
lógica fuzzy e redes neurais na Faculdade de
Engenharia de Alimentos, esclarece que o trabalho
conseguiu provar que existem processos melhores e
com grau de eficiência muito bom, que podem
ser alternativas ao uso convencional. No estudo desenvolvido
por Mendes a máquina de extrusão da
ração animal mantém o padrão
de produção uniforme ao longo de toda
escala do processo, sem levar em conta, por exemplo,
se a farinha utilizada sofreu alguma alteração
durante o processamento.
No complexo mecanismo do PID,
Silveira explica que é comum durante o percurso
do alimento acontecer alterações nas
variáveis como temperatura e pressão
que causam os erros na padronização.
O exemplo da farinha, quanto à gelatinização,
é um dos mais triviais. Com a adoção
do sistema de redes neurais, a máquina se ajusta
automaticamente, sem a necessidade de se fazer um
re-processamento porque a matéria-prima não
está de acordo. Isto aumenta a qualidade
do produto e aumenta a produtividade, afirma
Silveira.
Para desenvolver a inovação,
Mendes aplicou os parâmetros de controle na
empresa Effem, onde trabalha, nos Estados Unidos.
Ele adotou a experiência na planta de
produção que produz toneladas de ração
animal.
Outro aspecto importante da pesquisa é que
a metodologia utilizada por Mendes pode ser adotada
em qualquer máquina que possui o processo de
extrusão, como por exemplo, a de produção
do macarrão.
Controles e processos
Silveira leciona a disciplina de Instrumentação
e Controle de processos no curso de Engenharia de
Alimentos. Por isso, ele entende bem a questão
da qualidade dos alimentos. A falta de padronização
do processo ou de uniformização do produto
pode levar a empresa a perder o cliente, defende.
Ele exemplifica citando o caso de marcas tradicionais.
Se as fórmulas sofrem alterações,
causa estranheza ao consumidor que pode não
comprar uma próxima vez. Por isso, ele
acredita que os controles inteligentes, realizados
em uma planta bem-instrumentada, são os sistemas
capazes de manter as características do produto.
Neste aspecto, o pesquisador
acha que os desenvolvimentos de novos sistemas de
controles nos processos podem favorecer este trabalho
de padronização. Segundo ele, a manipulação
do homem em determinados produtos pode alterar a qualidade
do processo e conseqüentemente a qualidade do
produto, pois são inúmeras as situações
que podem ocorrer. Dificilmente um produto feito
pelo ser humano será uniforme, como pode acontecer
com os sistemas inteligentes.