Pesquisa
apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e desenvolvido
no Centro Infantil Boldrini pela bióloga Mônica Aparecida
Ganazza, sinaliza para a diminuição das chances de recaída
pós-tratamento do paciente com leucemia linfóide aguda,
um dos cânceres mais comuns na infância. A doença manifesta-se
na medula óssea. Baseado em técnicas de biologia molecular,
o estudo demonstrou a importância de se utilizar como critério
para se avaliar a evolução clínica do paciente aquilo que
os especialistas chamam de doença residual mínima ou DRM.
A DRM, explica Mônica, é
tida como positiva quando o indivíduo, uma vez diagnosticado
e após ter passado pelo primeiro estágio do tratamento por
28 dias, denominado de indução de remissão, ainda apresenta
número substancial de células leucêmicas, as quais são ‘invisíveis’
nas análises rotineiras ao microscópio óptico. Este paciente,
segundo estimativas, apresenta maior risco de recaída no
quadro da doença. Pelo estudo realizado com crianças e adolescentes
do Centro Infantil Boldrini, orientado pelo professor José
Andrés Yunes, fica evidente a importância de se aliar tanto
as técnicas de análises morfológicas como também a de DRM
para se alcançar uma avaliação mais precisa e eficiente.
Mônica conseguiu dimensionar
esta questão a partir de 91 amostras de células leucêmicas
colhidas em dois momentos do tratamento de indução de remissão,
no 14º e 28º dia. A primeira avaliação, ou seja, no 14º
dia, de 63 pacientes, tidos como em remissão citológica,
16 ainda apresentavam células leucêmicas segundo o teste
de DRM. Já os resultados do 28º dia de tratamento indicaram
que, das 67 crianças, também consideradas em remissão citológica,
13 ainda apresentavam níveis de até 1% de células leucêmicas.
“Em resumo, pacientes que
foram classificados como em remissão citológica pela análise
morfológica ainda tinham a doença. O ideal é que estes pacientes
sejam realocados nos grupos de maior risco de recaída, prosseguindo
o tratamento, que usualmente consiste nas etapas de consolidação
e manutenção, com uma quimioterapia mais intensa. Por isso,
a importância de se incluir a avaliação da DRM nos protocolos
de tratamento”, defende Mônica. Os testes conduzidos pela
bióloga envolveram diferentes métodos de análise de marcadores
moleculares, o que permitiu definir uma técnica simplificada,
de baixo custo e bastante adequada para análise da DRM nos
diferentes centros de tratamento.
A leucemia linfóide aguda
afeta as células precursoras dos linfócitos, responsáveis
pela defesa imunológica do organismo. Os atuais protocolos
de tratamento são responsáveis por excelentes chances de
cura do paciente, atualmente considerada em torno de 70%
a 80%. A adoção da DRM contribui com o aperfeiçoamento da
classificação dos pacientes nos diferentes grupos de risco,
de modo que cada qual receba o tratamento mais adequado,
sendo mais intenso nos casos de maior risco de recaída,
e mais brando para os demais. Isto diminui riscos de sequelas
eventualmente causadas pelos quimioterápicos.