Indicadores mostram
avanço na pesquisa
MANUEL ALVES FILHO
Nas últimas quatro décadas, a pesquisa desenvolvida na Unicamp cresceu tanto em qualidade quanto em quantidade. Um importante indicador dessa evolução é número de trabalhos científicos publicados em revistas reconhecidas internacionalmente. De acordo com o Institute for Scientific Information (ISI), banco de dados que indexa milhares de periódicos associados a todas as áreas do conhecimento, os professores e pesquisadores da Universidade foram responsáveis, em 2004, por 1.870 publicações, o que conferiu à instituição o melhor desempenho per capita entre as escolas de ensino superior do Brasil. Além de contribuir para construção do saber e a formação de pessoal altamente qualificado, essa produção científica tem provocado impactos positivos no desenvolvimento social e econômico do país.
A Unicamp chega aos 40 anos demonstrando enorme vitalidade na área da pesquisa. Hoje, a Universidade responde por algo em torno de 11% da produção científica nacional. Trata-se de uma performance extremamente significativa, sobretudo se considerados a juventude e o tamanho da instituição, que perde para a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no que se refere ao número de docentes dedicados à ciência. De acordo com o pró-reitor de Pesquisa, professor Daniel Pereira, diversos fatores colaboraram para que a Unicamp alcançasse o estágio atual. O primeiro deles é a reconhecida qualidade dos professores. Esta característica, segundo ele, foi potencializada pelos investimentos contínuos em ciência e tecnologia realizados principalmente nos últimos 30 anos.
Os maiores fomentadores da pesquisa nesse período foram a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência do Ministério da Educação; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), organismo do Ministério da Ciência e Tecnologia; e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ao lado da produção científica da Unicamp destaca-se a capacidade de formação de recursos humanos da pós-graduação. A Universidade conta com cerca de 14 mil estudantes inscritos nos seus 62 programas de mestrado e doutorado, contingente que equivale a 49% do número total de alunos.
Na avaliação da Capes, esses programas representam o que há de melhor na pós-graduação nacional, visto que mereceram 5,18 de conceito médio no período de 2001 a 2003. Em segundo lugar ficou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com 4,85. “Este indicador se relaciona ao que eu chamaria de circulo virtuoso: por ser reconhecida como uma universidade de excelência, a Unicamp atrai estudantes de alta qualidade que, aqui ingressando, oferecem a sua contribuição para a pós-graduação, que por sua vez faz com que a produção científica aumente e melhore”, analisa o professor Daniel Pereira. Em 40 anos, a instituição soma mais de 25 mil dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas.
Tão importante quanto o crescimento da produção científica é o seu aumento de qualidade, como faz questão de reforçar o pró-reitor de Pesquisa. Um indicador aplicado internacionalmente para medir esse aspecto é o número de menções que os trabalhos publicados recebem na literatura científica internacional. Atualmente, aproximadamente 400 artigos produzidos por pesquisadores da Unicamp possuem mais de 20 citações. “Esse dado sugere que a qualidade e o impacto da produção científica da Universidade ocupam ótimo patamar. Além disso, vários desses trabalhos têm sido capas de prestigiosas revistas científicas”, acrescenta o professor Daniel Pereira.
Impactos sociais
Embora a principal missão da Unicamp seja a geração do conhecimento e a conseqüente formação de recursos humanos, o saber produzido na instituição também tem sido responsável pela produção de bem-estar social, assim como tem oferecido expressivas contribuições ao desenvolvimento econômico do Brasil. Trabalhos e estudos conduzidos pelos especialistas da Universidade têm servido ao longo dos anos à formulação de eficientes políticas públicas em todos os níveis administrativos, de norte a sul do país. Além disso, inventos concebidos a partir das pesquisas acadêmicas têm ajudado a elevar os níveis de riqueza nacional. Esta realidade ensejou, por exemplo, a criação da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), iniciativa pioneira no meio acadêmico.
Instituída em julho de 2003 com a missão de fortalecer as parcerias da Universidade com as empresas privadas, órgãos de governo e demais organizações da sociedade, a Inova comercializou 18 patentes e firmou 12 contratos de licenciamento em 2005. Graças a esse desempenho, a agência venceu o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2006, na categoria “Instituição de Ciência e Tecnologia”. “Ademais, a Unicamp também é responsável por mais de 400 convênios e contratos com os setores público e privado, muitos deles com empresas originadas do empreendedorismo de ex-alunos e docentes, as chamadas ‘filhas da Unicamp’, que hoje são cerca de 100”, afirma o professor Daniel Pereira.
Grande desafio
O maior desafio da Unicamp em relação à pesquisa, no entender do pró-reitor, será manter e, em alguns casos pontuais, elevar o nível de qualidade alcançado pelas atividades na área. Para isso, porém, será necessário resolver a questão do financiamento. De acordo com o professor Daniel Pereira, o volume de investimento por parte das agências e órgãos de fomento tem sido bom, mas não tem acompanhado a tendência de crescimento da produção científica da Universidade nos anos recentes. A exceção tem ficado por conta da Fapesp. Além disso, a distribuição de recursos entre as faculdades e institutos é bastante heterogênea. “Penso que temos que trabalhar para assegurar a ampliação e a homogeneização do financiamento, com maiores investimentos na infra-estrutura associada à pesquisa”.
Algumas ações institucionais já estão sendo tomadas nesse sentido, conforme o professor Daniel Pereira. A Unicamp tem mantido entendimentos com a Fapesp, por exemplo, na tentativa de convencer a fundação sobre a importância de retomar o conceito e as sistemáticas originais das concessões de reservas técnicas associadas aos projetos de pesquisa. Também está sendo discutida a importância do lançamento de um novo edital dentro do Programa de Infra-Estrutura à Pesquisa. Para estimular os pesquisadores e grupos de pesquisa a buscarem financiamento para seus projetos nos programas temáticos da Fapesp, a Universidade abriu uma nova linha de custeio, por meio do Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão (Faepex). Cada pesquisador associado a projetos temáticos recebe R$ 4 mil anuais, durante o período de vigência dos trabalhos.