O significado e a preservação do patrimônio cultural ferroviário na América Latina serão temas do seminário que será realizado nos dias 26 e 27, no auditório do Instituto de Artes. Haverá apresentação de experiências de restauro, revitalização e requalificação do patrimônio ferroviário como espaços museológicos ou centros culturais, com a discussão da inserção destes projetos nas dinâmicas sócio-espaciais, econômicas e culturais no âmbito latino-americano. Organizado pela professora Maria José de Azevedo Marcondes, do Departamento de Artes Plásticas, e Eloísa Dezen Kempter, doutoranda do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), o seminário integra atividades do projeto de pesquisa “Território e patrimônio: critérios de seleção e valoração do patrimônio cultural”, de responsabilidade da docente do IA e financiado pelo CNPq.
Maria José Marcondes lembra que as ferrovias estiveram profundamente integradas às estruturas urbanas e determinaram o processo de formação das cidades na América Latina, configurando uma determinada paisagem cultural, como ocorreu em Campinas e em todo o interior de São Paulo. As ferrovias tiveram papel importante principalmente durante a segunda metade do século 19 e primeiras décadas do século 20, como apoio à economia de base rural e ao inicio dos processos industriais, mas praticamente perderam suas funções no decorrer do tempo. Entre as propostas de novos usos destes espaços, estão os museológicos.
O objetivo do seminário, segundo Maria José, é justamente discutir o uso museológico e cultural das estações ferroviárias com o objetivo de revitalizá-las e inseri-las no contexto das comunidades locais, pois em geral elas ocupam regiões antigas e deterioradas das cidades. “Estamos trazendo especialistas da América Latina para mostrar mapeamentos, inventários, intervenções e avanços que foram conseguidos. Hoje, procura-se preservar o patrimônio sem mudar as características arquitetônicas, mantendo os valores memoriais, estéticos, históricos e simbólicos de interesse da coletividade de forma viva. Evitamos assim a chamada ‘museificação’ dessas áreas: quando a preservação congela o bem cultural no tempo”, explica a professora.
Maria José Marcondes ressalta que o evento, por outro lado, permitirá mostrar aos outros países um projeto importante que vem a Unicamp realizando com a cidade e a comunidade: o Centro Cultural de Inclusão e Integração Unicamp Estação Guanabara. O professor Marcos Tognon, gestor do Centro, informa que o conjunto possui três edifícios, sendo que o projeto de implantação prevê o restauro do Armazém do Café, da gare metálica e do Edifício Administrativo. As etapas seguintes incluem um teatro com projeto de Lina BoBardi e a requalificação urbana do entorno (em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas) criando uma praça linear equipada para atividades envolvendo toda a população. Desde fevereiro de 2006, quando iniciou suas atividades de inclusão social e culturais, a Estação Guanabara ofereceu oito cursos, contemplando cerca de 500 crianças e adultos por semana.
Informações O Seminário Latino-Americano Museologia e Ferrovia, no Instituto de Artes, tem patrocínio da Fapesp e do Faepex (Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão mantido pela Unicamp). A programação está em www.iar.unicamp.br/dap/sem_latinoamericano. Informações: (19) 3521-6573.