RAQUEL DO CARMO SANTOS
Idosos com 70 anos ou mais, portadores de hipertensão arterial e com menor grau de escolaridade, são os que mais aderem à vacinação contra a influenza no Estado de São Paulo. Esse perfil foi apurado a partir de análises feitas pela estatística Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, com base no Inquérito de Saúde do Estado (ISA-SP), realizado pelas três universidades estaduais paulistas Unicamp, USP e Unesp em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. Segundo Priscila, o estudo identificou grupos de idosos com maior probabilidade de não adesão à vacinação, que deveriam ser alvo de campanhas específicas, visando ao aumento da cobertura da vacina.
As avaliações da pesquisadora renderam três artigos publicados em revistas científicas que compõem sua tese de doutorado “Fatores associados à vacinação contra influenza e doença pulmonar em idosos”, orientada pela professora Maria Rita Donalisio Cordeiro, da Faculdade de Ciências Médicas. No primeiro artigo, Priscila avalia os fatores associados à vacinação a partir de dados dos municípios de Campinas, São Paulo, Botucatu, Taboão da Serra, Embu e Itapecirica da Serra, referentes aos anos de 2001 e 2002. Dentre as pessoas com mais de 60 anos que responderam o questionário, apenas 66% declararam terem sido vacinadas, sendo que o principal motivo apontado para a não adesão à vacina foi a falta de esclarecimento sobre seus benefícios.
“Eles relataram que não consideram a vacina importante e também acreditam que a imunização provoca reações. Outros alegaram ter adoecido após tomar a vacina em período anterior. Não consideraram, no entanto, o fato de que a vacina é específica para a prevenção da influenza e não de outras viroses que provocam quadros clínicos respiratórios semelhantes aos da gripe”, explica Priscila. Para ela, as campanhas deveriam ser mais educativas, pois o objetivo da vacinação contra influenza no idoso é prevenir complicações decorrentes de uma infecção pelo vírus da gripe, como as pneumonias virais e bacterianas.
Os resultados apontaram ainda que as maiores coberturas foram observadas entre aqueles de menor renda. Para Priscila, uma das justificativas seria a maior freqüência desses idosos nos serviços públicos de saúde. “Eles são em sua maioria dependentes do SUS, especialmente dos medicamentos distribuídos e, habituados a freqüentar a unidade básica, estão mais atentos às recomendações educacionais dos profissionais de saúde e ações preventivas ofertadas”, esclarece.
Outro dado importante encontrado nas avaliações foi a baixa prevalência de 67% de vacinação em idosos portadores de doenças pulmonares. Para Priscila esta taxa deveria ser muito maior, pois, segundo a Organização Mundial da Saúde, tanto os idosos quanto as demais pessoas portadoras de doenças crônicas devem ser priorizados.