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Cirurgia feita no HC agiliza recuperação de
paciente com aneurisma da aorta abdominal

Colocação de endoprótese é mais rápida e menos agressiva que a técnica tradicional

A professora Ana Terezinha Guillaumon, coordenadora do Centro de Referência em Cirurgia Endovascular, mostra o equipamento: trabalho pioneiro no país (Foto: Antoninho Perri) O Centro de Referência em Cirurgia Endovascular do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp vem realizando, em larga escala, procedimentos cirúrgicos de colocação de endopróteses em pacientes com aneurisma da aorta abdominal. Desde 2001, mais de 200 cirurgias foram feitas e a técnica, apesar de ser considerada invasiva, é menos agressiva que a cirurgia tradicional. Além disso, tem a vantagem tanto no tempo utilizado para o procedimento – 1h30 contra 4 horas em média no método tradicional –, quanto na recuperação do doente, que é muito mais rápida. No entanto, a coordenadora do Centro, a professora Ana Terezinha Guillaumon, alertou que a técnica não pode ser indicada para todos os casos. Por outro lado, pacientes com doença cardíaca ou pulmonar, por exemplo, podem e devem colocar a endoprótese, já que uma cirurgia aberta poderia agravar o seu estado de saúde.

Outro ponto fundamental abordado por Guillaumon é a necessidade de estudo radiológico, clínico e de imagem do paciente para fazer a opção pela colocação da endoprótese. Segundo a docente, é importante ter um mapeamento dos vasos sanguíneos para dimensionar mais próximo possível o tamanho da aorta do doente, para a posterior escolha da prótese adequada. “Quanto melhor a avaliação da compatibilidade da endoprótese, em tamanho e diâmetro, a colocação será mais fácil, com melhor resultado final”, disse. Isso explica seu custo de implantação, algo em torno de R$ 40 mil (valor SUS). A coordenadora mencionou ainda que, quando se pensa em um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso considerar todo o equipamento, custos de médico, anestesista, centro cirúrgico, internação de hospital e de UTI, o que resultaria em valores da ordem de R$ 60 mil a R$ 80 mil. “Os pacientes SUS, no HC da Unicamp, são tratados com a tecnologia mais avançada que existe”, declarou a coordenadora.

Aneurisma é a dilatação da artéria, que deixa a parede com baixa resistência ao aumento de pressão. Uma pessoa normal, sem qualquer ocorrência médica, possui a aorta com diâmetro entre 2 cm e 2,4 cm. Quando o diâmetro desta apresenta-se superior a 50% é definido como aneurisma, e quando superior ao dobro do tamanho primitivo da aorta – aproximadamente mais de 5 cm – deve ser corrigido. Atualmente, a fila de espera é de 38 pacientes.

A docente, que também é chefe da disciplina Moléstias Vasculares Periféricas, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, disse ainda que, além das cirurgias de aorta, o HC realiza procedimentos cirúrgicos em doença oclusiva de artérias carótidas, artéria de membro inferior (femoral, poplíteas e tibiais) e artéria visceral. Vários doentes que apresentam hipertensão arterial têm como causa determinante o estreitamento da artéria, chamado de estenose, passível de correção com a angioplastia e colocação de stent.

A equipe de Guillaumon, composta por dois professores, cinco médicos assistentes e sete residentes, é pioneira, no Brasil, na recuperação de fístulas artério-venosas, de doentes renais crônicos que precisam da diálise para sua sobrevida. Em um hospital universitário, prosseguiu ela, o mais importante é a formação de médicos qualificados para atender doentes, independentemente de sua situação socioeconômica. “O médico é formado para atender doentes. Se eu não curo a doença, tenho que dar uma melhor qualidade de vida para os doentes”, ponderou. Em 2009, foram realizados no total 263 procedimentos cirúrgicos endovasculares, no entanto, a fila de espera para tratamento das doenças oclusivas de membros inferiores é de 43 pacientes e recuperação de fístula, 18 pacientes. É importante lembrar que diariamente novos doentes procuram pelo serviço prestado pelo HC para tratamento, por ser referência regional.

A aquisição das endopróteses obedece às regras para compra de material estabelecidas pela Unicamp e pela Secretaria do Estado da Saúde. Durante o pregão eletrônico, várias marcas se apresentam, no entanto, disse Guillaumon, em medicina é preciso estar atento à questão da qualidade. Existem várias marcas de endopróteses boas e aí se decide pelo preço. “Evidentemente, trabalhamos com qualidade. A proposta da endoprótese é tratar a doença do paciente, tentando minimizar todos os efeitos colaterais”, explicou. As marcas comumente adquiridas são norte-americanas, mas também é utilizado um aparelho belga. “Temos a responsabilidade ética e médica no atendimento de qualidade ao paciente, mas temos os co-responsáveis, que são o hospital e os produtores do material que utilizamos”, disse a coordenadora do Centro.

 

 
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