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Cirurgia feita no HC agiliza recuperação de
paciente com aneurisma da aorta abdominal
Colocação de endoprótese
é mais rápida e menos agressiva que a técnica tradicional
O Centro de Referência em Cirurgia Endovascular do Hospital
de Clínicas (HC) da Unicamp vem realizando, em larga escala,
procedimentos cirúrgicos de colocação de endopróteses
em pacientes com aneurisma da aorta abdominal. Desde 2001,
mais de 200 cirurgias foram feitas e a técnica, apesar de
ser considerada invasiva, é menos agressiva que a cirurgia
tradicional. Além disso, tem a vantagem tanto no tempo utilizado
para o procedimento – 1h30 contra 4 horas em média no método
tradicional –, quanto na recuperação do doente, que é
muito mais rápida. No entanto, a coordenadora do Centro,
a professora Ana Terezinha Guillaumon, alertou que a técnica
não pode ser indicada para todos os casos. Por outro lado,
pacientes com doença cardíaca ou pulmonar, por exemplo,
podem e devem colocar a endoprótese, já que uma cirurgia
aberta poderia agravar o seu estado de saúde.
Outro ponto fundamental abordado
por Guillaumon é a necessidade de estudo radiológico, clínico
e de imagem do paciente para fazer a opção pela colocação
da endoprótese. Segundo a docente, é importante ter um mapeamento
dos vasos sanguíneos para dimensionar mais próximo possível
o tamanho da aorta do doente, para a posterior escolha da
prótese adequada. “Quanto melhor a avaliação da compatibilidade
da endoprótese, em tamanho e diâmetro, a colocação será mais
fácil, com melhor resultado final”, disse. Isso explica seu
custo de implantação, algo em torno de R$ 40 mil (valor SUS).
A coordenadora mencionou ainda que, quando se pensa em um
paciente do Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso considerar
todo o equipamento, custos de médico, anestesista, centro
cirúrgico, internação de hospital e de UTI, o que resultaria
em valores da ordem de R$ 60 mil a R$ 80 mil. “Os pacientes
SUS, no HC da Unicamp, são tratados com a tecnologia mais
avançada que existe”, declarou a coordenadora.
Aneurisma é a dilatação da
artéria, que deixa a parede com baixa resistência ao aumento
de pressão. Uma pessoa normal, sem qualquer ocorrência médica,
possui a aorta com diâmetro entre 2 cm e 2,4 cm. Quando o
diâmetro desta apresenta-se superior a 50% é definido como
aneurisma, e quando superior ao dobro do tamanho primitivo
da aorta – aproximadamente mais de 5 cm – deve ser corrigido.
Atualmente, a fila de espera é de 38 pacientes.
A docente, que também é chefe
da disciplina Moléstias Vasculares Periféricas, da Faculdade
de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, disse ainda que, além
das cirurgias de aorta, o HC realiza procedimentos cirúrgicos
em doença oclusiva de artérias carótidas, artéria de membro
inferior (femoral, poplíteas e tibiais) e artéria visceral.
Vários doentes que apresentam hipertensão arterial têm como
causa determinante o estreitamento da artéria, chamado de
estenose, passível de correção com a angioplastia e colocação
de stent.
A equipe de Guillaumon, composta
por dois professores, cinco médicos assistentes e sete residentes,
é pioneira, no Brasil, na recuperação de fístulas artério-venosas,
de doentes renais crônicos que precisam da diálise para sua
sobrevida. Em um hospital universitário, prosseguiu ela, o
mais importante é a formação de médicos qualificados para
atender doentes, independentemente de sua situação socioeconômica.
“O médico é formado para atender doentes. Se eu não curo a
doença, tenho que dar uma melhor qualidade de vida para os
doentes”, ponderou. Em 2009, foram realizados no total 263
procedimentos cirúrgicos endovasculares, no entanto, a fila
de espera para tratamento das doenças oclusivas de membros
inferiores é de 43 pacientes e recuperação de fístula, 18
pacientes. É importante lembrar que diariamente novos doentes
procuram pelo serviço prestado pelo HC para tratamento, por
ser referência regional.
A aquisição das endopróteses
obedece às regras para compra de material estabelecidas pela
Unicamp e pela Secretaria do Estado da Saúde. Durante o pregão
eletrônico, várias marcas se apresentam, no entanto, disse
Guillaumon, em medicina é preciso estar atento à questão da
qualidade. Existem várias marcas de endopróteses boas e aí
se decide pelo preço. “Evidentemente, trabalhamos com qualidade.
A proposta da endoprótese é tratar a doença do paciente, tentando
minimizar todos os efeitos colaterais”, explicou. As marcas
comumente adquiridas são norte-americanas, mas também é utilizado
um aparelho belga. “Temos a responsabilidade ética e médica
no atendimento de qualidade ao paciente, mas temos os co-responsáveis,
que são o hospital e os produtores do material que utilizamos”,
disse a coordenadora do Centro.
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