Os
blogs já se transformaram em ferramenta de otimização do
aproveitamento no aprendizado escolar. Na experiência da
professora Cláudia Rodrigues, que dá aulas de Redação do
ensino médio, a iniciativa mostrou-se mais do que positiva.
“As discussões tiveram maior alcance do ponto de vista temático
e passaram a ser estendidas para além da sala de aula. Despertou
nos adolescentes o desejo de escrever mais”, atesta Cláudia,
que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Estudos
da Linguagem (IEL) com os resultados da estratégia aplicada
em quatro turmas de uma escola em Minas Gerais, em 2007.
Os blogs – espaço de interação na internet que são atualizados
periodicamente e obedecem a uma ordem cronológica – consistem
em um fenômeno recente, mas que conquistou as mais diferentes
categorias de internautas pela própria dinâmica da página.
No blog, explica Cláudia, os alunos são colocados em contato
com diversas fontes e opiniões e, neste aspecto, pode-se
exercitar o poder de argumentação. “Trata-se de uma ferramenta
motivadora para a escrita, que pode ser usada pelo professor,
e que se transforma em espaço de debate para o aluno”, esclarece.
Segundo a professora, a escola ainda possui resistência
em levar para sala de aula gêneros digitais que possam auxiliar
o ensino. Na opinião da autora da pesquisa, muitos ainda
vêem a internet apenas como um instrumento de entretenimento
e não se dão conta de sua utilidade nos estudos e pesquisas.
Ela alega ainda o domínio que os jovens possuem com as tecnologias
da informação e que isso melhor poderia ser aproveitado
no ambiente escolar.
Para Cláudia, um dos grandes entraves para a aceitação
do blog como estratégia de ensino seria a linguagem própria
que a internet produz. É como uma espécie de dialeto que
os jovens utilizam para expressar suas opiniões. Mas “não
se trata de substituir a forma de ensinar a norma culta.
Ela tem seu espaço já reconhecido, assim como a linguagem
informal. A minha proposta é utilizar um novo espaço para
otimizar os debates ocorridos em sala de aula e despertar
o interesse pela escrita”, explica.
O estudo, orientado pela professora Denise Bértoli Braga,
envolveu a produção de 20 blogs. Destes, foram selecionados
quatro para a análise de dados da dissertação e justificar
a importância do estudo. Cláudia conta que a idéia de inserir
os blogs nas aulas de produção textual partiu de uma percepção,
ao longo dos anos, de que havia uma carência nos debates
realizados em sala e, ainda, em decorrência disso uma limitação
nas discussões. A experiência, esclarece, demonstrou que
a interação aumentou o interesse pela escrita, assim como
os alunos passaram a buscar por orientações dos outros professores
para embasar as suas opiniões promovendo, desta forma, a
interdisciplinaridade.
As discussões envolveram também família e amigos dos alunos.
Pelo fato do blog ser público, não há limitações de acesso.
Em decorrência disto, o aluno se preocupa mais com suas
produções porque seu texto não é mais direcionado apenas
à avaliação do professor – neste ambiente, passa a ser coletivo.
“Os alunos dominam os fóruns, chats e msn e sabem o que
é e como trabalhar com estes meios. Eles invadiram a vida
de todo mundo e não há como fugir desta realidade. A escola
pode, portanto, utilizar destes canais como mais uma ferramenta”,
declara.