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Lodo de lagoa de tratamento
de esgoto limpa solo agrícola
Testar
uma técnica para reduzir a carga patogênica do lodo gerado
em lagoas de tratamento de esgoto e sua possível aplicação
em solo agrícola foi o tema de estudo do engenheiro químico
Josué Tadeu Leite França, na Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo (FEC), sob orientação do professor
Ronaldo Stefanutti. Em sua pesquisa de mestrado, ele investigou
a remoção do lodo da lagoa de estabilização do município de
Coronel Macedo, no interior de São Paulo, e seu acondicionamento
em sacos de polipropileno de alta resistência, denominados
bags, por um tempo determinado, para então ser utilizado para
limpeza do solo agrícola ou como alternativa para reduzir
os elevados custos com o transporte até aterros licenciados.
Segundo França, a enorme quantidade
de água na composição do lodo, além de encarecer o transporte,
também dificulta os processos operacionais para a disposição
do resíduo. “As longas distâncias dos aterros autorizados
para dispor este tipo de resíduo e as dificuldades de remoção
do lodo da lagoa tornam a opção de aproveitá-lo como condicionador
do solo bem aceita”, explica o engenheiro químico. Mesmo porque
outra solução convencional para o problema seria a incineração,
que em sua opinião não consiste em uma opção economicamente
viável, justamente, por conta da quantidade de água na composição.
O engenheiro químico conta
que a remoção e disposição adequadas do lodo de lagoa sempre
foram um desafio para os profissionais da área, uma vez que
o descarte precisa ser criterioso e, ainda assim, pode causar
grandes prejuízos ambientais. Na prática, as lagoas de estabilização
operam por 10 ou 20 anos sem a necessidade de remoção do lodo.
Isto significa que a operação é ocasional, não exigindo equipamentos
fixos no local. Foi neste sentido que, a partir da sua experiência
à frente da gerência da Divisão de Controle Sanitário da Sabesp,
surgiu a proposta de testar outros destinos para o resíduo.
No entanto, era necessário conseguir uma redução do desenvolvimento
de ovos de helmintos, coliformes, salmonellas e teor de sólidos
para análise do reaproveitamento.
Num
primeiro momento, foram realizados os testes de remoção do
lodo, seguido do acondicionamento em bags por três meses.
Nesta etapa, foi avaliado o tempo adequado para a redução
da carga patogênica, procurando adequar o lodo aos padrões
para uso no solo agrícola de maneira a promover a reciclagem
dos nutrientes aos ciclos biogeoquímicos. O lodo acondicionado
em bags atingiu os padrões para disposição no solo, quanto
aos parâmetros analisados como metais pesados, compostos orgânicos
e os patógenos (coliformes, salmonellas e ovos de helmintos).
França ressaltou que, mesmo na impossibilidade da reutilização
do resíduo na agricultura, conseguiu-se uma significativa
redução na quantidade de água, o que viabiliza o seu transporte
a longas distâncias por um baixo custo.
No caso da lagoa estudada,
de dez viagens, houve uma redução para seis idas e vindas
ao aterro com um custo aproximado de R$ 60 por tonelada. Ademais,
o método não necessita de energia e não causa agressão ao
meio ambiente, pois o lodo acondicionado não exala nenhum
tipo de odor. O método deve ser estendido para as 53 lagoas
dos 48 municípios que abrangem a Unidade Sabesp do Alto de
Paranapanema.
Publicação:
Dissertação: “Remoção de lodo de lagoas:
Avaliação da viabilidade de ovos de helmintos em função
do tempo de acondicionamento em bags”
Autor: Josué Tadeu Leite França
Orientador: Ronaldo Stefanutti
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo (FEC)
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