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Especialistas discutem a influência
da ciência e da tecnologia no esporte

Docentes, alunos e pesquisadores debatem
tema em seminário promovido pelo CEAv

Edgar Salvadori De Decca, coordenador-geral da Unicamp: esporte é considerado um tema relevante pela Universidade (Foto: Luis Paulo Silva)Embora ainda encontre resistências, o uso da ciência e da tecnologia pelo esporte já começa a mudar o conceito de treinamento. A afirmação foi feita no último dia 17 pelo professor Antonio Carlos Gomes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), durante o simpósio “Ciência e Tecnologia em Esportes”, promovido pelo Centro de Estudos Avançados (CEAv) e Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp. Segundo o docente, dados obtidos com a ajuda de recursos tecnológicos têm colaborado para planejar melhor a preparação dos atletas, o que tem refletido positivamente no rendimento deles. “Entretanto, ainda temos muito que avançar nesse campo. Nós já conseguimos testar, medir e avaliar a capacidade dos atletas, mas ainda precisamos ampliar a aplicação desse conhecimento, de modo a aprimorar os treinamentos”, considerou.

O evento, realizado no Centro de Convenções da Universidade, reuniu docentes, estudantes e pesquisadores, todos interessados em debater a questão do uso da ciência e da tecnologia na área. Conforme Gomes, a despeito de contribuir para orientar o trabalho dos atletas, visando à melhoria do rendimento, o suporte tecnológico ainda enfrenta resistências, principalmente por parte de técnicos e preparadores físicos. “O que ocorre é que esse tipo de recurso revela aspectos que até então eram desconhecidos. Ao gerar dados relacionados ao posicionamento, movimentação e distância percorrida por um jogador de futebol durante a partida, por exemplo, a tecnologia pode demonstrar que o treino está refletindo pouco na competição ou que, apesar da vitória, o time cometeu falhas durante a partida”, explicou

Em sua fala, o professor da Unifesp assinalou, ainda, que a preparação dos atletas tem exigido cada vez mais uma abordagem multidisciplinar. “A educação física, a fisiologia ou a medicina esportiva não dão conta de explicar de forma isolada as variáveis presentes na prática esportiva”, disse Gomes. No transcorrer das duas mesas de debates do simpósio, foram apresentadas diversas pesquisas acerca do emprego da ciência e da tecnologia no esporte. Pietro Cerveri, professor do Instituto Politécnico de Milão, na Itália, falou de quatro estudos que desenvolve na área do movimento humano. Um deles, demonstrou, contribuiu para a criação de um eficiente protótipo de prótese de membro superior.

Pietro Cerveri, professor do Instituto Politécnico de Milão: estudo contribuiu para a criação de protótipo de prótese (Foto: Luis Paulo Silva)Siome Goldenstein, docente do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, discorreu sobre a técnica da Visão Computacional, que integra a área da Computação Visual. Ele destacou que por meio do registro de imagens e da utilização de softwares específicos é possível apurar dados como velocidade média desenvolvida pelos atletas, posição que cada um ocupava em dado instante do jogo e até mesmo a capacidade de arranque de um determinado jogador, entre outros aspectos. “Com essa massa de informação, pode-se avaliar o desempenho individual ou coletivo de uma equipe e, se for o caso, adotar medidas para corrigir as falhas identificadas”, detalhou.

O coordenador-geral da Unicamp, professor Edgar Salvadori De Decca, que participou da mesa de abertura do simpósio, classificou o evento como uma demonstração de que o esporte é considerado um tema relevante pela Universidade. “Essa postura é comum em outros países, mas ainda precisa avançar nas universidades brasileiras”. Ele lembrou que um dos grupos de estudos constituídos no âmbito do CEAv trata justamente dessa área do conhecimento. “Nos próximos seis anos, o Brasil organizará dois eventos extremamente importantes, as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Nossa disposição é de colaborar para o desenvolvimento do esporte no país, não somente objetivando o alto rendimento, mas também a valorização da prática esportiva como elemento de congraçamento, de criação de laços de solidariedade e de ampliação da qualidade de vida da população”, completou.

 

 

 

 
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