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Especialistas discutem a influência
da ciência e da tecnologia no esporte
Docentes, alunos e pesquisadores
debatem
tema em seminário promovido pelo CEAv
Embora
ainda encontre resistências, o uso da ciência e da tecnologia
pelo esporte já começa a mudar o conceito de treinamento.
A afirmação foi feita no último dia 17 pelo professor Antonio
Carlos Gomes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
durante o simpósio “Ciência e Tecnologia em Esportes”, promovido
pelo Centro de Estudos Avançados (CEAv) e Faculdade de Educação
Física (FEF) da Unicamp. Segundo o docente, dados obtidos
com a ajuda de recursos tecnológicos têm colaborado para planejar
melhor a preparação dos atletas, o que tem refletido positivamente
no rendimento deles. “Entretanto, ainda temos muito que avançar
nesse campo. Nós já conseguimos testar, medir e avaliar a
capacidade dos atletas, mas ainda precisamos ampliar a aplicação
desse conhecimento, de modo a aprimorar os treinamentos”,
considerou.
O evento, realizado no Centro
de Convenções da Universidade, reuniu docentes, estudantes
e pesquisadores, todos interessados em debater a questão do
uso da ciência e da tecnologia na área. Conforme Gomes, a
despeito de contribuir para orientar o trabalho dos atletas,
visando à melhoria do rendimento, o suporte tecnológico ainda
enfrenta resistências, principalmente por parte de técnicos
e preparadores físicos. “O que ocorre é que esse tipo de recurso
revela aspectos que até então eram desconhecidos. Ao gerar
dados relacionados ao posicionamento, movimentação e distância
percorrida por um jogador de futebol durante a partida, por
exemplo, a tecnologia pode demonstrar que o treino está refletindo
pouco na competição ou que, apesar da vitória, o time cometeu
falhas durante a partida”, explicou
Em sua fala, o professor da
Unifesp assinalou, ainda, que a preparação dos atletas tem
exigido cada vez mais uma abordagem multidisciplinar. “A educação
física, a fisiologia ou a medicina esportiva não dão conta
de explicar de forma isolada as variáveis presentes na prática
esportiva”, disse Gomes. No transcorrer das duas mesas de
debates do simpósio, foram apresentadas diversas pesquisas
acerca do emprego da ciência e da tecnologia no esporte. Pietro
Cerveri, professor do Instituto Politécnico de Milão, na Itália,
falou de quatro estudos que desenvolve na área do movimento
humano. Um deles, demonstrou, contribuiu para a criação de
um eficiente protótipo de prótese de membro superior.
Siome
Goldenstein, docente do Instituto de Computação (IC) da Unicamp,
discorreu sobre a técnica da Visão Computacional, que integra
a área da Computação Visual. Ele destacou que por meio do
registro de imagens e da utilização de softwares específicos
é possível apurar dados como velocidade média desenvolvida
pelos atletas, posição que cada um ocupava em dado instante
do jogo e até mesmo a capacidade de arranque de um determinado
jogador, entre outros aspectos. “Com essa massa de informação,
pode-se avaliar o desempenho individual ou coletivo de uma
equipe e, se for o caso, adotar medidas para corrigir as falhas
identificadas”, detalhou.
O coordenador-geral da Unicamp,
professor Edgar Salvadori De Decca, que participou da mesa
de abertura do simpósio, classificou o evento como uma demonstração
de que o esporte é considerado um tema relevante pela Universidade.
“Essa postura é comum em outros países, mas ainda precisa
avançar nas universidades brasileiras”. Ele lembrou que um
dos grupos de estudos constituídos no âmbito do CEAv trata
justamente dessa área do conhecimento. “Nos próximos seis
anos, o Brasil organizará dois eventos extremamente importantes,
as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Nossa disposição é de colaborar
para o desenvolvimento do esporte no país, não somente objetivando
o alto rendimento, mas também a valorização da prática esportiva
como elemento de congraçamento, de criação de laços de solidariedade
e de ampliação da qualidade de vida da população”, completou.
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