|
Docentes da Feagri reúnem
em
livro memórias de turma da Esalq
11/6/2010
–Os professores Carlos Roberto Espindola e Sonia
Maria Pessoa Pereira Bergamasco, da Faculdade de Engenharia
Agrícola (Feagri) da Unicamp, e Sheila Zambello de Pinho,
do Instituto de Biociências da Unesp, são os organizadores
do livro Memórias da A68, que está no prelo e tem previsão
de lançamento para 1º de agosto. A A68 foi a autodenominada
“turma de ouro” que ingressou na Esalq (Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, da USP) no fatídico ano de 1964
e se formou no igualmente fatídico 1968, com muitos de seus
alunos indo construir sólida carreira acadêmica.
Segundo Carlos Espindola,
o livro é uma criação coletiva iniciada com uma convocatória
via correio eletrônico para que todos da turma, por conta
dos 40 anos de formatura, enviassem fotos, documentos e notícias
de época, além de depoimentos pessoais. “Entramos na Esalq
no período agitado que culminou com o golpe militar de março
de 64, quando foram tolhidas todas as liberdades democráticas
e que nos afetou diretamente, já com a proibição de nossa
esperada passeata de calouros”.
Os organizadores do livro
observam que aqueles jovens demorariam a entender o real significado
da proibição da passeata. “À medida que os anos de estudos
iam avançando, a situação do nosso país ia se tornando mais
complicada, com a polícia nas ruas, movimentos sociais impedidos
de promover quaisquer manifestações, com mortes, prisões,
desaparecimentos, culminando com o AI-5, que coincidiu com
o término do nosso curso”.
A obra, a propósito, é dedicada
à memória de Luiz Hirata, militante da Ação Popular obrigado
a abandonar o curso no quarto ano por perseguição política
e que acabou assassinado sob torturas que duraram três semanas,
no final de 1971. “Lamentando não dispor de uma fotografia
do Hirata – e sob a súplica do diagramador de ‘não inventar
mais nada’ – encontrei pelo Google a foto e a descrição das
circunstâncias de sua morte, reproduzidas de um livro da Comissão
Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos”, conta Espindola.
Além de lembrar as profundas
transformações políticas, econômicas, sociais e culturais
dos anos 60 e 70 – que Rose Marie Muraro definiu como “os
mais perturbadores e misteriosos do século XX” – o livro remete
à saudosa Piracicaba de apenas 115 mil habitantes, com seus
bondes, ferrovias e cinema e serenatas nas ruas. O livro traz,
ainda, fotos de alunos e das festas, reproduções do jornal
do centro acadêmico, fac-símile do convite de formatura e
histórias “do fundo do baú”.
O professor Carlos Espindola
informa que está se esforçando para confirmar o lançamento
para 1º de agosto, dia do aniversário de Piracicaba, cidade
onde está a Esalq. E adianta que o empresário José Albertoni,
que custeou a impressão, já garantiu seu apoio para uma segunda
edição em 2013, quando acontece o encontro quinquenal da turma
A68.
(Luiz Sugimoto)
|
|