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Tratamento na infância pode eliminar
efeitos da mordida cruzada no futuro

A cirurgiã-dentista Annicele da Silva Andrade (à esq.) atende criança: tratamento deve ser iniciado antes do surto de crescimento da puberdade (Foto: Divulgação)Estudo desenvolvido na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) com 63 crianças comprova que, quanto mais cedo o tratamento da mordida cruzada, menores as chances de desenvolvimento de problemas estéticos e mastigatórios na adolescência e na fase adulta. A pesquisa avaliou tanto a mordida cruzada unilateral como a bilateral – aquela que aparece apenas em um lado da boca ou dos dois, respectivamente, e constatou que ambas possuem características morfológicas e funcionais semelhantes.

De acordo com os resultados da pesquisa conduzida pela cirurgiã-dentista Annicele da Silva Andrade, a diferença clínica observada é somente devido ao desvio mandibular que ocorre na mordida cruzada unilateral. Isto significa um alerta para as mães que não atentam para o uso prolongado de chupetas e mamadeiras ou, até mesmo, para o hábito de chupar os dedos. Segundo Annicele, esses vícios precisam ser removidos até os três anos de idade, pois constituem uma das principais causas de desenvolvimento da má oclusão.

Embora seja um problema relativamente simples de ser resolvido no público infantil, na idade adulta a situação é diferente. Além de aumentar o risco de causar sérias alterações no desenvolvimento ósseo da face e da mandíbula, há muitas queixas de dores de cabeça e questões estéticas graves, como dentes tortos. Em crianças, explica Annicele, um dos tratamentos mais utilizados é a expansão rápida da maxila, feita através de um aparelho com parafuso expansor fixado nos dentes superiores. “Em 15 dias já se percebe o descruzamento da mordida. Nos adultos, entretanto, é preciso até intervenção cirúrgica em determinados casos”, esclarece a cirurgiã-dentista, que aponta a prevalência de mordida cruzada em 8% a 22% das crianças brasileiras.

O tratamento deve ser iniciado antes que a criança ou adolescente tenha o chamado surto de crescimento da puberdade, para que haja a separação da rafe palatina – uma área estreita e bem definida localizada na região do palato ou popularmente conhecida como céu da boca. À semelhança do que ocorre com a “moleira” do bebê no alto da cabeça, a rafe palatina não está fechada antes do surto de crescimento e, por isso, a correção da maxila com aparelhos não causa nenhum tipo de trauma.

Annicele acompanhou durante um ano, por meio de avaliações clínicas, musculares e esqueléticas, crianças em idades entre 7 e 10 anos, portadoras ou não de mordida cruzada, para comparar as principais alterações nas funções mastigatórias e espessura muscular. A dúvida que existia e que motivou o trabalho desenvolvido na FOP era de que existiam diferenças entre o grau de estreitamento maxilar nas mordida cruzada uni e bilateral. O que não correspondeu aos resultados das investigações; pelo contrário, eles mostraram muitas semelhanças entre as duas categorias.

O estudo apontou ainda que as crianças tratadas para correção do problema apresentaram um aumento na atividade elétrica dos músculos da mastigação, indicando que o tratamento das mordidas cruzadas melhora tanto aspectos estéticos quanto aspectos da função mastigatória.

 

Publicação: Tese de doutorado “Avaliação morfológica e funcional dos músculos mastigatórios em crianças com mordida cruzada posterior”

Autor: Annicele da Silva Andrade

Orientador: Maria Beatriz Duarte Gavião

Unidade: Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP)

 

 
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