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Partes desprezadas do camarão-rosa
têm alto valor proteico, revela pesquisa
As
partes do camarão-rosa normalmente desprezadas pelo consumidor
– a cabeça, a casca e a cauda – são justamente as que apresentam
altos valores de proteínas e óleo rico em ácidos graxos com
valores consideráveis de ômega 3 – gorduras essenciais ao
funcionamento do organismo e que estão sendo amplamente estudadas
por pesquisadores do mundo todo. A descoberta foi feita pela
engenheira química Andrea Del Pilar Sánchez Camargo em pesquisa
desenvolvida na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA),
sob orientação do professor Fernando Antonio Cabral, que afirma
existir poucos estudos na identificação dos teores de ômega
3 nos resíduos de camarão-rosa nacional.
Enquanto a carne, a parte
mais apreciada pelo brasileiro, possui 1% do óleo contendo
ácidos graxos, o resíduo, em geral descartado, possui 5%,
sendo que, deste, 25% é representado pelos ácidos graxos ômega
3 – EPA e DHA –, amplamente conhecidos no mercado nutracêutico.
Ademais, as partes residuais do camarão-rosa possuem um alto
teor de astaxantina, composto que dá sua cor alaranjada e
consiste em um carotenóide, com alto poder antioxidante e
também importante para a saúde humana. Ou seja, cerca de 50%
do crustáceo descartado no meio ambiente, ou às vezes usado
para ração animal, poderia ser utilizado como suplemento alimentar
e, quem sabe, no desenvolvimento de um novo produto.
“O objetivo a partir destas
informações seria deixar um caminho aberto para estudos de
viabilidade técnica e econômica, pois este não foi o foco
do nosso trabalho. Mas é certo que a pesquisa apontou que
o resíduo possui um valor agregado significativo e poderia
ser reaproveitado para o consumo humano de alguma forma”,
explica o professor Fernando Cabral.
Ademais, explica Andrea, o
descarte do resíduo do camarão-rosa no meio ambiente é extremamente
crítico. Trata-se de uma espécie comum em grande parte do
litoral brasileiro e também criado em cativeiro. Por isso,
representa uma fatia boa do mercado de animais marinhos, especificamente
de camarão, em que o Brasil é o sexto maior produtor do continente
americano, sendo este produto o mais exportado. Neste sentido,
o estudo desenvolvido na FEA ganha em importância.
A engenheira química chegou
aos valores de lipídeos e astaxantina ao testar uma técnica
intitulada “Extração Supercrítica com Dióxido de Carbono
(CO2)”. Trata-se de um processo limpo considerado ecologicamente
correto, pois a extração das substâncias não deixa resíduo
e é feita de maneira semelhante ao líquido. Segundo Cabral,
vale lembrar que a utilização do dióxido de carbono cada
vez mais é destacada para extração em alimentos que precisam
de um alto grau de pureza, uma vez que não possui toxicidade
e é inerte. Os resultados obtidos foram submetidos ao periódico
científico Journal of Food Engineering.
Publicação:
Dissertação “Extração supercrítica de
astaxantina e lipídeos ricos em ácidos graxos w-3
a partir de resíduos de camarão-rosa (Farfantepenaeus
paulensis)”
Autor: Andrea Del Pilar Sánchez Camargo
Orientador: Fernando Antonio Cabral
Unidade: Faculdade de Engenharia de
Alimentos (FEA)
Financiamento: Fapesp
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