Quanto
maior o fluxo salivar, maior facilidade na percepção do
sabor dos alimentos e melhor a mastigação. Este foi um dos
resultados obtidos pela cirurgiã-dentista Márcia Diaz Serra
Vicentin em sua tese de doutorado defendida na Faculdade
de Odontologia de Piracicaba (FOP). Ela teve como objetivo
avaliar questões fisiológicas e morfológicas do sistema
mastigatório em crianças. “Até então, os trabalhos sobre
sistema de mastigação, da forma como abordo, focavam apenas
o adulto. Por isso, a ideia de verificar como o processo
se dá com um público infantil”, explica.
São cinco artigos científicos
que descrevem os resultados de estudos de mais de seis anos
considerando o mestrado e o doutorado, todos orientados
pela professora Maria Beatriz Duarte Gavião. Para a cirurgiã-dentista,
atentar periodicamente para o sistema mastigatório em crianças
é importante, pois além de evitar reflexos na fase adulta,
é possível propor ações preventivas e de reabilitação o
quanto antes.
Num primeiro momento, ela
focou o estudo em 19 crianças de seis a nove anos de idade
atendidas na FOP que apresentavam quadro de perda de dentes
e, com isso, avaliou as condições de reabilitação durante
um período de dois anos. Neste caso, a reabilitação bucal
influenciou os aspectos morfológicos e funcionais dos músculos
da mastigação, aumentando a força de mordida e a espessura
do músculo conhecido como masseter.
Em uma segunda etapa de pesquisa, Marcia tomou 121 crianças
voluntárias, de sete a dez anos, de uma escola, em Santa
Bárbara D’Oeste, para estabelecer correlações entre o fluxo
salivar, a força de mordida, padrões de mastigação e, até
mesmo, a percepção do sabor e textura de alimentos. Além
das associações da saliva com a percepção de sabor e facilidade
na mastigação, Marcia observou ainda que quanto maior o
fluxo salivar, maior a força de mordida em crianças com
oclusão normal. A partir do estudo, a cirurgiã-dentista
chegou a uma série de dados sobre tempo de mastigação, número
e frequência dos ciclos mastigatórios, textura e sabor dos
alimentos.