O
neurocirurgião Paulo Roland Kaleff descreveu em sua dissertação
de mestrado apresentada na Faculdade de Ciências Médicas
(FCM) uma técnica eficiente para corrigir os problemas decorrentes
da síndrome do túnel do carpo, problema por meio do qual
o paciente apresenta dores acompanhadas de formigamento
na palma da mão, principalmente noturnos e, em casos mais
graves, a atrofia e perda de movimento nas mãos. “Atualmente
é uma das patologias mais comuns em nosso meio, mas a doença
é antiga, sempre existiu. A partir da Segunda Guerra Mundial,
no entanto, com a evolução das técnicas diagnósticas e um
consenso sobre o que seria a doença o diagnóstico passou
a ser mais preciso e a cirurgia indicada em casos de queixa
persistente e atrofia da mão”, relata o médico que foi orientado
pelo professor Donizete César Honorato.
Basicamente, o quadro se
dá quando há a compressão do nervo mediano ao nível do punho,
no túnel do carpo, estrutura osteoligamentar que contém
porção do nervo mediano. Nos casos de doença, a pressão
neste túnel está aumentada causando sofrimento do nervo.
Em geral, é associada a esforços repetitivos, como digitação,
serviços de manufatura ou costura. A fisioterapia e uma
mudança na postura são suficientes para que as dores não
sejam um empecilho para o paciente exercer suas atividades
normais nos casos mais leves. Quando o estágio está avançado,
a cirurgia é a terapia de escolha, no entanto, esbarra na
validação da segurança que o procedimento cirúrgico oferece.
Segundo Kaleff existem várias
técnicas usuais para a incisão. Na chamada clássica aberta,
por exemplo, é feito um corte extenso na palma da mão para
a descompressão do canal do carpo. Embora seja um procedimento
relativamente simples, a questão é, justamente, as ocorrências
possíveis no pós-operatório. Uma delas seria a limitação
no movimento das mãos por cicatriz dolorosa ou fibrose exagerada.
A técnica endoscópica consiste em uma das menos invasivas,
porém, com custo elevado. “Só o kit instrumental descartável
custa em média R$ 3 mil por cirurgia e, portanto, inviável
para a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo”.
A técnica descrita pelo
médico e realizada em mais de 100 pacientes atendidos no
Hospital Centro Médico de Campinas – para o estudo ele considerou
apenas 30 casos –, além de contar com a simplicidade da
cirurgia aberta clássica, também utiliza aspectos minimamente
invasivos do método endoscópico. Nos dados obtidos se mostrou
segura e efetiva na liberação do nervo mediano. “No estudo,
descrevemos os parâmetros anatômicos e demonstramos a partir
de referências topográficas as estrutura de interesse e
a maneira como o procedimento pode ser feito com segurança”,
explica Kaleff, que constatou uma melhora no quadro clínico
de dor noturna em todos os pacientes estudados. (R.C.S.)