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Degradação de petróleo é objeto de dissertação
RAQUEL
DO CARMO SANTOS
Estudo
realizado no Instituto de Química (IQ) isolou mais de 30 micro-organismos
envolvidos na degradação de petróleo de amostras da Bacia
Potiguar, no Rio Grande do Norte. Os testes foram feitos a
partir de uma colaboração com a Agência Nacional de Petróleo
e Centro de Pesquisas da Petrobras, e os resultados interferem
diretamente nos parâmetros de avaliação e detecção da origem
do óleo. Segundo o autor da pesquisa, o químico Célio Fernando
Figueiredo Angolini, a biodegradação é um processo natural
que ocorre em grande parte dos reservatórios e, embora leve
milhões de anos para se concretizar, se traduz em perdas econômicas
com o passar do tempo.
É importante lembrar que,
atualmente, existem grandes reservas de petróleo degradado,
sendo que estes óleos resultam, principalmente, da transformação
microbiana. “Os micro-organismos isolados foram depositados
e, futuramente, servirão para novos experimentos a fim de
se avaliar o potencial biotecnológico para sua aplicação em
outras áreas, como por exemplo, na remediação de solos”, explica
Angolini. Por enquanto, os testes priorizaram as análises
químicas, em escala laboratorial, de três amostras de óleo
oferecidas pela Petrobras, sendo uma degradada e duas sem
passar pelo processo com o objetivo de se realizar a comparação
dos dados.
Para conduzir o estudo, orientado
pela professora Anita Jecelyne Marsaioli, o químico mimetizou
o que ocorre nos reservatórios ao longo dos anos e acelerou
o processo de degradação, reduzindo-o para 60 dias, de forma
a não perder as características essenciais do processo de
degradação in vivo. Para isso, foi necessário otimizar algumas
condições, mesmo porque não são todos os micro-organismos
cultiváveis em laboratórios. Muitos deles se mantêm ativos
apenas nos poços de petróleo.
Angolini acompanhou todas
as etapas dos ensaios para tentar entender a forma como corre
o processo e de que maneira altera a composição do óleo. Em
geral, os micro-organismos atuam de formas diferentes e cada
reservatório tem propriedades específicas. “Por isso, é necessária
a perfuração de vários poços e, depois de análises, se decide
qual poço é mais viável economicamente de ser explorado. Neste
sentido, o isolamento e avaliação dos consórcios microbianos
são importantes para se utilizar como parâmetro de análise”,
explica.
Outro fator significativo
na avaliação da biodegradação do petróleo em laboratório é
conseguir identificar a origem do óleo, através da análise
de biomarcadores preservados no processo. Por outro lado,
sem as devidas características dos consórcios envolvidos,
pode-se chegar a informações erradas. “São dados essenciais
no processo de tomada de decisão e análises de potencial econômico
de poços de petróleo. Além de se ter conhecimento das propriedades
envolvidas no caso de um vazamento, por exemplo”, esclarece.
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