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Parceria vai agilizar diagnósticos
de infecções causadas por fungos

 

Maria Luiz Moretti, Ademar Seabra da Cruz Jr., Fernando Costa e Katsuhiko Haga durante assinatura do convênio: técnica inovadora (Foto: Antonio Scarpinetti)1/3/2010 – Pesquisadores da Unicamp e da Universidade de Chiba, do Japão, trabalharão nos próximos três anos para o desenvolvimento de métodos que tragam maior rapidez na identificação de fungos causadores de doenças e no diagnóstico de infecções fúngicas. Há fungos que não causam o menor problema de saúde para a população em geral, mas que são responsáveis pelas chamadas infecções oportunistas em pacientes com HIV e outras doenças imunodepressoras, como câncer e transplantes de órgãos sólidos (rim, fígado, pulmão) ou de medula óssea.

O convênio de cooperação técnico-científica entre as duas universidades foi assinado no último dia 1 na Reitoria da Unicamp, sob os auspícios da Jica (Japan International Cooperation Agency) e do Ministério das Relações Exteriores. “O pronto diagnóstico de uma doença fúngica, que se instala rapidamente e muitas vezes pode ser fatal para o paciente, vai proporcionar a nós médicos uma grande vantagem na introdução da terapêutica adequada”, explica Maria Luiza Moretti, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e coordenadora do projeto pelo lado brasileiro.

Segundo a docente, está programada a implantação da técnica denominada “microarray”, em que fragmentos de sequências de DNA capazes de identificar diferentes fungos – isolados a partir de sangue, líquor, urina e outros fluídos orgânicos de pacientes – são colocados em um microchip para leitura em equipamento específico. “Seremos a primeira instituição do Brasil, e talvez da América Latina, a desenvolver essa tecnologia, que permite um diagnóstico em trinta minutos. Outra inovação é o uso de cepas de pacientes brasileiros, ao invés de importadas”.

O projeto, que começa em abril próximo e termina em março de 2013, prevê a ida de sete pesquisadores da Unicamp (de dois a três por ano) para treinamentos no Japão, bem como a vinda de colegas da Universidade de Chiba. Os equipamentos de alto custo e os insumos serão providos pela Jica, enquanto a instituição brasileira oferecerá seus laboratórios.

Durante a assinatura do convênio, o reitor Fernando Costa lembrou que a Unicamp possui um histórico de décadas de cooperação com a Jica. “É uma história bem sucedida que vem do início dos anos 1990, com o acordo que permitiu a instalação do Gastrocentro e suas atividades de ensino, pesquisa e serviços à população. A Jica tem intermediado numerosos intercâmbios com universidades japonesas, principalmente com as de Chiba, Toyama e Kumamoto”.

Em bom português, Katsuhiko Haga, coordenador de cooperação tecnológica da Jica para o Brasil, afirmou que o convênio agora assinado entra em outra modalidade, o Japan-Brazil Partnership Program (JBPP). “Antigamente, existia entre o Japão e o Brasil uma relação de doador com beneficiário. Hoje, essa relação mudou completamente, estamos trabalhando em conjunto para solucionar os problemas dos dois países e de outros como da América Latina e da África, especialmente na área da saúde”.

Haga informou que a Jica já está apoiando três projetos em andamento no Brasil. Um deles relacionado com a produção de etanol a partir do bagaço de cana, juntamente com as federais do Rio de Janeiro e de Santa Catarina; outro com a Embrapa Soja, buscando uma variedade mais resistente à seca; e um terceiro com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre mudanças climáticas. “Este com a Unicamp é o quarto projeto e vamos começar o quinto, com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) visando meios de reduzir a emissão de carbono por desmatamento e degradação”.

Ademar Seabra da Cruz Júnior, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do MRE, observou que o Japão está entre os três maiores parceiros do Brasil em pesquisas na área de ciência, tecnologia e inovação, sendo que o governo federal, através do MCT e do Itamaraty, vem realizando um esforço para intensificar essa cooperação. “Já enviamos uma missão ao Japão e o comitê de trabalho deverá promover nova reunião neste ano, no Brasil, para reavaliação de projetos com ênfase em nanotecnologia”.  (Luiz Sugimoto)

 

 

 
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