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Aberto para balanço

Exposição de 12 alunos marca atuação
de José Spaniol no âmbito do Programa Artista Residente

MARIA ALICE DA CRUZ

José Spaniol e obras que integraram a exposição (Foto: Foto: Antonio Scarpinetti) Alunos do curso de artes de plásticas do Instituto de Artes (IA) da Unicamp expõem seus trabalhos realizados ao longo do Programa Artista-Residente, a partir do dia 11 de março, às 12h30, na Galeria de Arte da Unicamp. Na última fase, o programa teve como convidado o artista plástico José Spaniol, professor do Instituto de Artes da Unesp. Todas as atividades na área de artes plásticas aconteceram no período de setembro de 2009 a fevereiro deste ano no IA, mas os encontros de 13 e 19 de janeiro ocorreram no Mosteiro São Bento, em São Paulo, onde Spaniol participou da exposição “Arte e Espiritualidade”. A ideia, segundo o artista, foi aproximar os alunos de seu processo de criação e acompanharem a montagem da mostra. A série “Balanças e lousas”, apresentada na exposição de São Paulo, faz parte de um projeto ao qual Spaniol deu continuidade no Programa Artista Residente.

Com a exposição dos alunos, Spaniol conclui a residência na Unicamp, mas não sem antes manifestar o desejo de voltar a desenvolver projetos em conjunto com o Departamento de Artes Plásticas da Universidade. Na mostra de encerramento, ele antecipa que estarão expostos trabalhos desenvolvidos pelos alunos durante o período de residência. “Em momentos como este, o aluno se sente pressionado, quer fazer algo impressionante, mas o que eu sugeri é que cada um mostre o processo verdadeiro. Então não fiz exigências de tema, técnica ou período. A proposta do programa foi justamente deixá-los à vontade”, explica.

Para Spaniol, a disposição do grupo de alunos em participar do encontro em pleno mês de férias e em outra cidade lembrou suas viagens de estudos realizadas quando era estudante de graduação na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). “Assim como esta vivência no Programa Artista-Residente, as viagens realizadas com o professor Evandro Jardim, na Faap, acrescentavam muito na nossa formação e na nossa produção”, explica. Aspectos de Teresópolis (Rio de Janeiro) e até mesmo das cidades históricas de Minas Gerais estão eternizados em seu caderno de desenho. Além de poder desenvolver os trabalhos num momento mais tranquilo, em que não tinham as atividades acadêmicas, os alunos da Unicamp puderam realizar uma visita guiada pelo Mosteiro.

Ao contrário de outras fases do programa, em que foi necessária a seleção de estudantes, a participação nos encontros com Spaniol foi aberta a todos os alunos interessados. A proposta foi deixar os alunos livres, deixando a sugestão de temas a partir do que eles apresentassem ao longo do contato. Segundo Spaniol, o que seria uma série de palestras tornou-se um grupo de trabalho, em que todos participaram das discussões.

“Balanças e lousas” foi exposta também no Centro Carpe Diem Arte e Pesquisa, no Palácio do Marquês, em Lisboa, Portugal, no segundo semestre de 2009. A série consiste em instalação de balanças de pedra, na qual ele coloca vários objetos e pêndulo. A lousa é onde ele apresenta seus desenhos.

Um dos expoentes da arte brasileira contemporânea, Spaniol trabalha com material pouco usual como argila, areia e cera, conjugadas com madeira, metal e pedra. Na série, ele produziu uma balança de pedra, na qual colocou objetos diversos e um pêndulo.

José Spaniol e obras que integraram a exposição (Foto: Raul Zito) A produção inicial do artista parte de referências a objetos cotidianos, como portões, balões ou cartazes de rua, e estabelece uma troca entre a função utilitária e a poética. A relação que suas obras estabelecem com a arquitetura e os locais expositivos é um marco da sua produção a partir dos anos 1990.

Spaniol ressalta a importância que um programa como o da Unicamp tem tanto para os alunos quanto para o artista acolhido. O programa, na sua opinião, proporciona o contato do artista com a Universidade e de ambos com a sociedade, a partir do momento em que os resultados das residências são apresentados ao público. “Não conheço outro programa como este no Brasil. Espero que a residência seja também motivo de aproximação entre os institutos de artes das universidades públicas”, declara.

O artista destacou a indicação feita pelo professor do Departamento de Artes Plásticas Haroldo Gallo e a atenção recebida da Reitoria da Universidade, da diretoria do Instituto de Artes, especialmente a chefia do departamento de artes plásticas, desde a concessão de uma sala para a montagem do ateliê onde aconteceram os encontros até os preparativos para a exposição que será aberta dia 11. “Tive a acolhida necessária para realizar um bom trabalho, além da colaboração da chefe do Departamento de Artes Plásticas do IA da Unesp, Geralda Mendes Ferreira Silva Dalglish.”

(Foto: Raul Zito) Para a professora Lúcia Eustáquio Ribeiro Fonseca, chefe do Departamento de Artes Plásticas da Unicamp, a residência é um momento raro de vivência para os alunos, pois eles podem acompanhar o que o artista faz para desenvolver sua proposta. “Foi altamente produtivo”, acrescenta Lúcia. Ela enfatiza que os trabalhos de conclusão são uma forma de levar o programa à sociedade, lembrando que em outras áreas o programa foi concluído com espetáculos abertos à comunidade. “Spaniol é professor universitário, mas alguns artistas não têm este contato direto com a academia”, acrescentou Lúcia.

Para Pedro Campanha, aluno do quinto ano de artes plásticas e um dos expositores, a experiência no programa foi importante pela oportunidade de receber a visão de um artista de fora da Universidade. “O programa é muito importante. Aqui temos pesquisadores muito bons, mas faz falta este contato com outros profissionais”, diz Campanha. A iniciativa de convidar um artista atuante como Spaniol e que estava expondo no momento do curso foi muito importante para a formação, observa o estudante. “O que aconteceu depois da arte moderna tem de ser incluído num repertório de conhecimento e experimentado para ver como se agrega aos dias de hoje”.

Com alunos do Instituto de Artes: exposição coletiva (Foto: Antonio Scarpinetti) Spaniol saiu de São Luiz Gonzaga (Rio Grande do Sul) aos 4 anos de idade, mas criou-se em São Paulo, onde formou-se em 1983 em Artes Plásticas, na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e onde orientou oficinas de pintura e gravura na Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde antes freqüentou cursos de modelo-vivo e pintura de paisagem, e em 1989 apresentou a exposição individual “Pinturas e Objetos”.

O artista viveu em Colônia, Alemanha, como bolsista do Deutscher Akademischer Austauch Dienst - DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) entre 1990 e 1993. Entre suas exposições mais recentes, realizadas em 2009, estão as individuais na Capela do Morumbi, unidade do Museu da Cidade de São Paulo (São Paulo), no Centro Carpe Diem Arte e Pesquisa do Palácio do Marquês e na Galeria 3+1 Arte Contemporânea, em Lisboa. As coletivas que marcaram sua carreira são “Coletiva 6x6 - Novas Aquisições” Prêmio Funarte Marcantonio Vilaça, no Espaço Cultural Contemporâneo e Ecco (Brasília - DF) e Experimentando Espaços, no Museu da Casa Brasileira (São Paulo).

 

 

 

 
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